Em encontro com Haddad, Joseph Stiglitz voltou a criticar a política monetária adotada pelo Banco Central do Brasil. “É muito difícil ter crescimento com essa taxa”, sentenciou o economista
O vencedor do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz voltou a criticar a política monetária adotada pelo Banco Central do Brasil. “Eu estou preocupado com o Brasil. A taxa de juros real é a maior do mundo. É muito difícil ter crescimento com essa taxa. O Banco Central está estrangulando a economia brasileira”, disse Stiglitz em encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad no Japão.
O economista se reuniu com Haddad, em Niigata, cidade japonesa que sedia um encontro do G7 Financeiro. Ele já havia criticado antes a insistência de Campos Neto, presidente do BC, em manter a maior taxa de juro real do mundo. Na ocasião, Stiglitz afirmou que a manutenção da taxa Selic no patamar de 13,75% ao ano acabaria estrangulando a economia do país.
A primeira condenação de Campos Neto foi em seminário promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em março deste ano. “A taxa de juros de vocês [Brasil] é de fato chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte”, afirmou o Nobel.
“A taxa de juros de vocês é de fato chocante. Os números que vocês estão falando é de 13,75%, ou 8% (de juros) real, é tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. Eu acho impressionante que o Brasil tenha sobrevivido, o que seria de fato uma pena de morte. Eu acho que vocês têm conseguido sobreviver a esse tipo de alta taxa de juros é porque vocês têm bancos de desenvolvimento estatais”, prosseguiu Stiglitz.
“As ideias econômicas centrais nos últimos 40 anos estão sendo revistas e desacreditadas. A razão é que o crescimento esteve lento na era neoliberal e todos os benefícios gerados foram para as elites econômicas. Há 40 anos de evidências de que o neoliberalismo é segregador de riqueza. O crescimento da desigualdade torna óbvio que é necessário alternativas às políticas monetárias. O Brasil tem sobrevivido apesar da sentença de morte. Isso porque o Brasil tem bancos de desenvolvimento que proveram juros baixos”, explicou o economista.
“A justificativas para as altas taxas de juros e tudo fica por conta da inflação, mas mesmo nos Estados Unidos, em que as taxas de juros são muito mais baixas que as de vocês, há uma grande discussão dessas altas taxas de juros não serem justificadas pela inflação que estamos vivendo. Na verdade, essas altas taxas de juros são contraprodutivas. Elas, na verdade, estão exacerbando a inflação”, ressaltou Stiglitz, no seminário do BNDES.
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