A deputada estadual paulista Leci Brandão (PCdoB) emitiu uma nota em suas redes sociais, contra a privatização das linhas de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Leci mencionou um levantamento que mostra um aumento significativo das falhas relacionadas à privatização, com a ViaMobilidade.
“Privatizar não é a solução! Todos os dias praticamente temos as falhas das linhas da CPTM que deixam milhares de trabalhadores passando sufoco para ir e voltar ao trabalho. Desde a concessão das linhas 8 e 9, houve aumento significativo nas ocorrências como falhas, atrasos e até acidentes. Um levantamento feito pelo G1 mostra que entre 2019 e 2020 foram registradas 45 falhas.
No período seguinte, de 2020 a 2021, foram sete e no último ano da gestão da CPTM, de 2021 a 2022, ocorreram 19 falhas. A Via Mobilidade assumiu essas duas linhas no início de 2022. Até janeiro de 2023 foram registradas 132 falhas.
“Não dá pra promover o desmonte do serviço público e ainda prejudicar servidores, funcionários terceirizados e a população paulista que depende do transporte! NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA CPTM!”.
Veja a postagem: https://www.instagram.com/p/CsTrOg7Nw4G/
FALHAS
A privatização das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens metropolitanos para a ViaMobilidade completou um ano em janeiro com ao menos 132 falhas acumuladas durante o período.
Segundo um levantamento feito pela TV Globo, entre janeiro de 2022 e 2023: A Linha 8-Diamante registrou 52 falhas; A Linha 9-Esmeralda registrou 80 problemas que impediram a operação normal dos trens da concessionária; A média é de pelo menos uma falha a cada 2,7 dias de operação nas duas linhas;
No período de 27 de janeiro de 2021 a 27 de janeiro de 2022, último ano de operação das duas linhas pela CPTM, foram registradas 19 falhas, apontou o levantamento;
Foram seis falhas na Linha 8-Diamante e 13 na 9-Esmeralda; O número é quase sete vezes menor do que as 132 falhas do primeiro ano da ViaMobilidade.
A concessionária recebe mensalmente pelo número de passageiros que transporta. O governo de São Paulo explicou, no entanto, que existe o monitoramento do serviço prestado, tempo de intervalo entre trens, superlotação e outras medidas.
Caso falhas sejam detectadas, são feitos descontos dos valores que a concessionária tem a ganhar. No primeiro ano, à frente das linhas 8 e 9, a concessionária deixou de receber R$ 21 milhões. Esses problemas também geram processos de multa que, se confirmados, podem levar ao pagamento de mais R$ 22 milhões em penalidades.
PRECARIZAÇÃO
Uma reportagem especial do Fantástico da TV Globo, exibida no último domingo (14) mostrou a situação precária e perigosa dos trens da linha 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, administradas pela concessionária privada ViaMobilidade. São descarrilamentos, panes, atrasos, falhas e precarização do trabalho.
O estado de São Paulo tem seis linhas de metrô e sete linhas de trem. Antes das privatizações, era o próprio governo estadual que administrava as linhas, mas o panorama mudou. As linhas mais recentes privatizadas 8 e 9, na mão da ViaMobilidade, aumentaram drasticamente o número de falhas e problemas com a administração privada.
Essas duas linhas, no primeiro ano de operação da concessionária, bateram o recorde de falhas dos últimos dez anos, quando começou o levantamento diário da TV Globo. E a falha humana é um dos motivos para que, em 16 meses de operação, a ViaMobilidade tenha sido multada em mais de R$ 10 milhões, por infrações como avanços de sinal vermelho.
A sequência de problemas fez o Ministério Público abrir uma investigação. Os dormentes são barras, de madeira ou concreto, onde os trilhos são fixados. Uma vistoria do Ministério Público (MP) constatou que há vários pontos onde essas peças estão em estado avançado de degradação. A promotoria exigiu da empresa um plano emergencial para recuperação da estrutura crítica.
Na matéria exibida no programa, um maquinista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que pediu para não ser identificado, participou do treinamento dos condutores da ViaMobilidade.
“Eles reduziram o treinamento de seis para dois meses. Não colocaram pessoas realmente que entendem de ferrovia. Eles simplesmente pegavam de baciada e botavam para treinar. Pessoas totalmente leigas, que não tinham o conhecimento de elétrica”, revela o maquinista.
O maquinista ainda relata o que ouviu de um dos contratados, admitido para uma função que não tem relação com a condução dos trens. E reconheceu que não se sente seguro para utilizá-los como passageiro.
“Inclusive, teve um rapaz que falou assim: ‘Nossa, eu tive muita sorte, porque eu me inscrevi para agente de limpeza e me contrataram para maquinista’. Desde que o treinamento acabou, eu nunca mais usei as linhas 8 e 9, porque não me sinto seguro”, conta o maquinista.