Entre seus dez ramos, 4 ficaram virtualmente estagnados e outros 3 no vermelho, representando 70% do total, destaca o Iedi. O setor de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com maior peso no índice, ficou em 0,0%
Em março, as vendas do comércio varejista cresceram 0,8% frente a fevereiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (17).
No terceiro mês de 2023 voltou a pesar sob o setor a fraca demanda de bens de consumo provocada pela política de juros altos do Banco Central, encarecendo o crédito e comprometendo a renda dos consumidores, que já amargam alto índice de inadimplência. São mais de 70 milhões de brasileiros que não conseguem pagar as dívidas, agravadas pelos juros elevados.
No período, as vendas de Tecidos, vestuário e calçados recuaram -4,5% e no primeiro trimestre de 2023 a queda é de -4,7%, As de Outros artigos de uso pessoal e doméstico apresentaram retração de -2,2% e o resultado para os três primeiros meses do ano é de baixa de -10,6% – sendo o quarto trimestre consecutivo no vermelho.
O setor de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com maior peso no índice, ficou estagnado (0,0%). No mês, também houve quedas nas vendas de Combustíveis e lubrificantes (-0,1%) e de Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,6%).
Por outro lado, apenas três de oito atividades do varejo restrito registraram variações positivas em março: além das vendas de Móveis e eletrodomésticos (0,3%), as vendas de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação cresceram 7,7% e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria variaram 0,7% mas acumulam queda de -0,5% no primeiro trimestre.
Pelo lado das vendas do comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, registraram uma alta de 3,6% frente ao mês imediatamente anterior, puxada pela alta nas vendas de veículos e motos, partes e peças ( alta de 3,7%). Na passagem de fevereiro para março, as vendas de material de construção variaram em alta de 0,2%, com recuo de -3,3% no observado do primeiro trimestre de 2023. As vendas de Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo também fecharam no campo negativo (-0,7%) na análise trimestral.
Ao analisar o resultado do varejo de março, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destaca que “a ocorrência de resultados muito próximos da estabilidade (0%) em ramos de peso na passagem de fev/23 para mar/23 foi fator importante para esta expansão mais fraca do varejo restrito. Foram os casos de supermercados, alimentos, bebidas e fumo (0%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%), além de móveis e eletrodomésticos (+0,3%)”.
“No varejo ampliado, material de construção também mal saiu do lugar ao registrar +0,2% na série com ajuste sazonal. Ao todo, entre seus dez ramos, 4 ficaram virtualmente estagnados e outros 3 no vermelho, representando 70% do total. Por isso, o crescimento em mar/23 deveu-se sobretudo a veículos e autopeças, com +3,7% ante fev/23, e também a equipamentos de escritório, informática e comunicação (+7,7%)”, observou o Iedi.
“Entre as perdas, as mais intensas ocorreram em outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,6%), seu quarto trimestre consecutivo no vermelho, tecidos, calçados e vestuário (-4,7%), em queda desde o 3º trim/22, e material de construção (-3,3%), cujas vendas não crescem desde o 2º trim/21. Estes três ramos representam cerca de 15% do varejo ampliado e têm sido um obstáculo para uma expansão mais forte do varejo total”, ressaltou.