Mauro Cid falsificou o cartão de vacina para Bolsonaro e sua filha entrarem nos EUA sem serem importunados
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, mais conhecido como “faz-tudo” do “mito”, o tenente-coronel Mauro Cid, ficou em silêncio durante seu depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (18).
Cid foi chamado pela PF para se explicar sobre as fraudes nos cartões de vacina dele, de sua mulher, de Jair Bolsonaro e de sua filha, ocorridas nos últimos dias do governo, quando era ajudante de ordens da Presidência. Cid foi preso em razão dessa investigação há 15 dias.
No depoimento, ele alegou que não teve acesso ao conteúdo integral da investigação. Diante disso, a PF não insistiu em fazer perguntas. De acordo com as investigações, foi inserida de forma irregular no sistema do Ministério da Saúde a informação falsa de que Bolsonaro, a filha e pessoas próximas tomaram doses de vacina contra a Covid.
O próprio Bolsonaro jogo a culpa em Mauro Cid ao negar que ele e a filha tenham se vacinado. A polícia suspeita de que os dados falsos tenham sido inseridos para beneficiar Bolsonaro e a família no caso do comprovante de vacina ser exigido no exterior, já que a fraude ocorreu alguns dias antes do “mito” embarcar para os Estados Unidos.
Os dados foram inseridos no sistema em dezembro de 2022 na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em seguida, a conta de Bolsonaro no aplicativo ConecteSus, do Ministério da Saúde, emitiu o comprovante de vacinação. Depois, o registro falso da vacina foi apagado. Poucos dias depois da emissão do comprovante, o ex-presidente viajou para os Estados Unidos, onde ficou por três meses após o fim do mandato.
A conta do ConecteSus de Bolsonaro era controlada por Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. O medo de Bolsonaro é que Cid busque um acordo de delação premiada para contar o que sabe em troca do relaxamento de eventuais punições. Ele contratou um advogado famoso por fechar esse tipo de acordo.
Em visita ao Senado, nesta quinta-feira (18), Bolsonaro mais uma vez deu sinais de que vai jogar toda a culpa do caso nas costas do ex-auxiliar. Questionado pelos jornalistas sobre o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, Bolsonaro respondeu: “Cada um segue a sua vida”. “Não tenho conversado com ele. Isso aí está em segredo de Justiça. Apesar de vazar, está em segredo de Justiça. O que eu vi agora no rodapé de uma TV é que ele ficou em silêncio”, afirmou o ex-presidente.
Numa clara demonstração de abandono do ex-aliado, Bolsonaro insinuou que Mauro Cid agiu sozinho. “Peço a Deus que não tenha errado. E cada um siga a sua vida”, afirmou o ex-presidente. Cid está preso há 15 dias. Ele foi alvo de operação que investiga fraudes em cartões de vacinação para beneficiar Bolsonaro, familiares e pessoas próximas.
Bolsonaro foi questionado sobre as joias, avaliadas em R$ 16 milhões, presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. O ex-ministro de Minas e Energia afirmou que o pacote com diamantes seria destinado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A equipe de Bento Albuquerque, em 2021, voltando do Oriente Médio, tentou entrar no país sem declarar as joias, o que é ilegal. O pacote foi retido pela Receita Federal. “Ela [Michelle] nunca viu as joias. Joias nunca passaram pelas minhas mãos e pelas mãos dela”, afirmou.
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