Encontro com declaradas intenções dos EUA de exercer pressão – militar, econômica e midiática – contra Rússia e China, é recebido com repúdio de manifestantes em Hiroshima
Na cidade japonesa de Hiroshima, onde está ocorrendo a reunião do Grupo dos Sete (G7), milhares se manifestaram, nesta sexta-feira, contra os objetivos da cúpula e também contra a visita do presidente dos EUA, Joe Biden, ao memorial das vítimas da bomba atômica arremessada sobre a população da cidade em 1945.
Os manifestantes carregavam faixas com lemas como “Não ao evento do G7 imperialista”, “Não à aliança militar entre o Japão e os Estados Unidos”, “Não à guerra nuclear!”, “EUA fora de Ásia” “Não à guerra com a China”, “Tirem as mãos da Ucrânia” e, depois de marchar por várias importantes avenidas, se concentraram diante do local da reunião, na área do Parque Memorial da Paz.
A reunião, que deve se prolongar até domingo (21), está integrada pelos membros permanentes do grupo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido, e outros países convidados como a Coréia do Sul, Brasil, Austrália, Vietnam, Indonésia, Índia, e Cook Ilhas.
O objetivo declarado desse encontro é aumentar a pressão sobre a Rússia através de sanções e da ampliação da injeção de armas ao regime de Kiev. Washington também pretende extrair do encontro mais pressão sobre a China, que Biden e seu governo consideram “inimigo estratégico”, devido ao irrefreável crescimento da economia chinesa.
Um aberto vale-tudo para manter a dominação imperial norte-americana, o que foi percebido e rechaçado pelos manifestantes.
Os protestos não começaram no início da reunião, nos dias anteriores à sexta-feira já haviam ocorrido manifestações em vários locais de Hiroshima e em outras cidades japonesas expressando oposição ao encontro. E segundo os organizadores, as manifestações acontecerão todos os dias que durar o fórum.
ESTADOS UNIDOS: ÚNICA POTÊNCIA QUE USOU BOMBAS ATÔMICAS
Os manifestantes questionam o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, que ocupa a presidência rotativa do G7, por ter escolhido Hiroshima como sede do encontro e levado os presidentes, incluindo Biden, a visitar o Museu Memorial da Paz de Hiroshima, onde depositaram coroas de flores e plantaram árvores. “Uma verdadeira piada”, sentenciou Ryo Miyahara, um dos organizadores dos protestos.
Lembremos que os Estados Unidos são a única potência nuclear que usou suas bombas atômicas, como fez em solo japonês em Hiroshima e Nagasaki, em 1945, e que deixou mais de 140.000 mortos só naquela cidade. Nenhum presidente dos Estados Unidos jamais se desculpou por essa aberração e hoje Biden cinicamente participou do ato no memorial.
A área é conhecida pela imagem do chamado “domo da bomba atômica”, as ruínas de um prédio da prefeitura, o único que teria restado após a explosão no centro da cidade. O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, foi questionado se Biden iria apresentar “um pedido de desculpas em nome dos EUA” e respondeu que o presidente americano “não fará uma declaração”.