“Ele [Flávio Dino] moeu o cara. Ele destruiu o cara. Nós ficamos com vergonha”, disse o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP). Recentemente, comissão da Câmara em que vários deputados haviam apresentado requerimento para convidá-lo, os parlamentares retiraram os pedidos para comparecimento do ministro
O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) admitiu que o ministro da Justiça, Flávio Dino “engoliu uns 10 deputados“ bolsonaristas durante a audiência que o chefe da pasta participou na CCJ da Câmara, em março. A declaração foi dada pelo parlamentar em abril, no podcast do youtuber Monark.
Para Feliciano, Dino “fez um passeio” ao responder às perguntas feitas pelos membros da comissão, em particular os bolsonaristas. “A ida do Flávio Dino lá na Câmara acho que foi um termômetro. Acho que o PT já não tem mais medo da CPMI [dos atos golpistas]. Porque o Flávio Dino fez um passeio na CCJ. Ele engoliu uns 10 deputados lá”, disse o deputado.
Recentemente, comissão da Câmara em que vários deputados haviam apresentado requerimento para convidá-lo, os parlamentares retiraram os pedidos para comparecimento do ministro da Justiça.
Na conversa, Feliciano também disse que seus colegas de partido estavam “despreparados” para questionar o ministro. Um dos momentos vexaminosos da audiência que ele usou como exemplo foi a fala do deputado André Fernandes (PL-CE) sobre Dino responder a 277 processos.
O dado citado por Fernandes foi encontrado após ele fazer busca com o nome do ministro no site Jusbrasil. Esta plataforma, no entanto, não mostra só processos em que pessoas aparecem como réus, mas também como testemunhas, por exemplo, além de candidatos que prestaram contas à Justiça Eleitoral.
“À essas alturas, dizer com base no Jusbrasil que respondo a 277 processos, se insere no mesmo continente mental de quem acha que a terra é plana, mais ou menos”, respondeu Dino, na ocasião.
“ELE MOEU O CARA”
Na avaliação de Feliciano, esse episódio foi “horrível” para a oposição. “O ministro é juiz de Direito, conhece a linguagem, foi governador de Estado, comunista de carteirinha, extremamente preparado e guerrilheiro”, disse.
“Você vai tentar lacrar um cara desses? Você vai tomar uma invertida. […] Ele [Flávio Dino] moeu o cara. Ele destruiu o cara. Nós ficamos com vergonha. E assim, na ‘maciota’, batendo devagarinho”, afirmou.
OUTRAS COMISSÕES
Depois de ter comparecido à CCJ, em março, logo em seguida Dino foi convidado a comparecer na Comissão de Segurança Pública. Novamente, os deputados bolsonaristas tentaram enredar, com as chamadas “lacrações”, o ministro. E, novamente, Flávio Dino contornou com inteligência, ironia e respostas irrespondíveis, os deputados oposicionistas.
Essa audiência ocorreu em 11 de abril e terminou de forma inesperada, pelo presidente do colegiado, deputado Sanderson (PL-RS), em razão de gritaria e troca de acusações envolvendo o ministro e deputados presentes. Os bolsonaristas tentaram se vingar do ministro, pelo que ocorreu na CCJ.
ESCLARECIMENTOS IRRESPONDÍVEIS
Em 9 de maio, o ministro compareceu à Comissão de Segurança Pública do Senado. Novamente, Dino virou o jogo de “cartas marcadas” agendado para “pegá-lo”. Não deu certo. O ministro da Justiça deu um show e viralizou nas redes digitais.
Entre outras questões, o ministro rebateu acusações de senadores ao afirmar que nunca recebeu relatório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) antes dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Também disse que a Força Nacional não foi dispensada na data, que ele próprio não estava presente na Praça dos Três Poderes durante a depredação e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não sabia dos atos antes de terem acontecido.
O senador licenciado e ministro compareceu à audiência para prestar informações sobre os planos e a agenda estratégica do Ministério da Justiça e Segurança Pública para os próximos anos, sob requerimento do senador Magno Malta (PL-ES).
Dino retornou ao Congresso após sucessão de convites da oposição, que buscou associá-lo ao crime organizado por ter visitado o Complexo da Maré, no RJ, acusá-lo de omissão nos atos golpistas.