“Apesar de ter perdido só cinco governos estaduais, esses Estados representam um golpe significativo em termos de importância geopolítica e econômica” para o Partido Socialista Unido da Venezuela, PSUV, e para o presidente Nicolás Maduro, afirmou Javier Antonio Vivas Santana, membro do movimento Marea Socialista, avaliando os resultados das eleições regionais acontecidas no domingo (15).
O PSUV, de acordo com as informações do Conselho Nacional Eleitoral, CNE, ganhou em 18 dos 23 estados do país, fato que é contestado por vários setores da oposição, não apenas os da direita. “O fato de perder Zulia e Táchira, principais estados fronteiriços, o primeiro sendo o principal produtor de petróleo, e o segundo, por onde se concretiza a maior atividade comercial não petroleira do país, representa para o governo uma imensa perda política que, além disso, deixa em evidência que se tem abandonado as fronteiras do país, fechando a passagem aos próprios venezuelanos a cada vez que queria o governo, e pior, destruindo essa parte de nossa geografia para que grupos ilícitos se apoderassem de nosso território com a indústria do narcotráfico, o sequestro e o contrabando com a maior impunidade, ao ponto de que até os tiroteios já são parte dos afazeres de paramilitares e delinquentes na própria ponte internacional ‘Simón Bolívar’, localizada na passagem limítrofe da cidade de San Antonio del Táchira”, disse Santana, em artigo no portal Aporrea.
O professor analisa ainda o turismo que representa uma importante atividade dessas regiões, aportando recursos e empregos para um grande número de trabalhadores, e observa que “é óbvio que a crescente inflação, a deterioração dos salários, a falta de eficiência dos serviços públicos, sem esquecer que até no estado de Mérida falhou a energia elétrica em meio ao ‘funcionamento’ do teleférico ou, lembrando que só há um ‘ferry’ fazendo a travessia entre a Ilha Margarita e Porto La Cruz (estado Anzoátegui), assim como destacar que o transporte aéreo tem sido muito afetado em nível nacional e internacional, são aspectos que liquidam por completo o ‘madurismo’ em matéria turística”.
“Isso equivale a dizer que sobre nossas regiões limítrofes não lhes importa o mínimo o conceito de soberania e nação, além de uma esgotada e desequilibrada verborragia antiimperialista, enquanto, sobre o turismo, por ser esta uma atividade onde a corrupção ao que parece não destila muito sobre as atividades políticas, a deixaram ao Deus dará”.
Santana questiona ainda “como pode o ‘madurismo’ perder 2,6 milhões de votos em tão curto tempo, se tomamos como referência que, nestas eleições regionais, obtiveram pouco mais de 5,7 milhões de votos contra os anunciados 8,3 da eleição para a Assembleia Constituinte, ocorrida há menos de 90 dias?”
Sobre a apresentação do resultado da eleição de domingo como sendo uma vitória acachapante, Santana pontua que “o ‘madurismo’ quer fazer ver uma esquálida vitória de apenas 600 mil votos, como se fosse um ‘grande triunfo’, quando a verdade é que se algo ficou a descoberto é a ilegitimidade e ilegalidade dessa ‘constituinte’ que, ainda por cima, pretende se atribuir uma ‘supra-constitucionalidade’ que não existe em nenhuma forma jurídica. E, mais ainda, quando fica evidente que não têm como justificar os supostos mais de 8 milhões de votos que teriam ‘obtido’ no 30 de julho”.
A conclusão de Javier Santana é de que a vitória do governo nas eleições regionais foi uma vitória de Pirro, ou seja, conseguida a alto preço e que pode acarretar grandes prejuízos, e que “a ‘constituinte’ ficou deslegitimada pelos próprios votos ‘maduristas’”.
SUSANA SANTOS