“O setor industrial deverá continuar enfrentando dificuldades para sua retomada sustentada, sobretudo em razão da manutenção da taxa de juros em patamar elevado por um longo período”
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao analisar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que registrou alta de 1,9%, em relação ao trimestre imediatamente anterior, e uma queda do PIB Industrial de 0,1%, afirmou que “é resultado da alta taxa de juros e de condições financeiras restritivas”. A indústria de transformação caiu 0,6% no período.
“A produção industrial continua 1,3% defasada em relação ao nível pré-pandemia e segue apresentando fraco dinamismo. Este desempenho tem sido fortemente influenciado pelo elevado patamar da taxa de juros básica e pela permanência das condições financeiras restritivas, que afetam de maneira ainda mais intensa a indústria”, manifestou a Fiesp em nota nesta quinta-feira (1/6).
Enquanto a agropecuária exibiu aumento de 21,6% sobre o 4º trimestre de 2022, a indústria em geral registrou queda de 0,1% no trimestre. A indústria extrativa mineral e o setor de eletricidade, gás, água e esgoto cresceram 2,3% e 1,7%; já os segmentos de construção civil e indústria de transformação caíram 0,8% e 0,6%, respectivamente.
Neste cenário, o PIB da indústria de transformação apresentou a terceira queda consecutiva e a sétima redução nos últimos dez trimestres.
A Fiesp assinala que as condições financeiras da economia brasileira continuam em “terreno restritivo devido aos juros em patamares elevados”. Os juros altos têm “impactado negativamente as condições de crédito, e tendem a atuar como freio para a atividade nos próximos trimestres”.
“Diante deste cenário e da expectativa de que a redução dos juros básicos terá início apenas a partir do segundo semestre, a Fiesp projeta um novo recuo para o PIB da indústria de transformação em 2023, desta vez de 0,4%. Se confirmado, este resultado configuraria a sétima queda em 10 anos”, assinala a entidade da indústria no boletim.
A entidade alerta que, caso isso ocorra,” o desempenho positivo da economia brasileira em 2023 estará condicionado principalmente ao resultado do 1º trimestre, em virtude do desempenho muito favorável do setor agropecuário e da resiliência do setor de serviços neste início de ano”.
Para 2023, a Fiesp espera crescimento de 2,6% do PIB. “O setor industrial, por sua vez, deverá continuar enfrentando dificuldades para sua retomada sustentada, sobretudo em razão da manutenção da taxa de juros em patamar elevado por um longo período”, ressalta.