O “faz-tudo” do “mito” participou das oito tentativas de retirada ilegal das joias árabes pelo Planalto
O ex-ajudante de ordens e “faz-tudo” de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, prestou novo depoimento nesta quinta-feira (1). Desta vez, ele falou à Controladoria-Geral da União (CGU). O “ajudante” confirmou que o “chefe” pediu a ele para reaver as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal.
Em seu depoimento, Cid contou que o ex-chefe do Executivo queria reaver as peças retidas pela Receita. A versão foi de que Bolsonaro “pediu e não ordenou” que ele retirasse as joias. Para os especialistas, não há a menor diferença, neste caso, entre pedido e ordem, já que as tentativas de retirada das joias eram todas ilegais, tenham sido elas pedidas ou ordenadas.
Segundo Cid, Bolsonaro informou a ele, em meados de dezembro de 2022, sobre a existência de um presente retido pela Receita Federal e pediu que ele checasse se era possível “regularizar” os itens. O termo “regularizar”, no caso, seria o mesmo que embolsar as joias milionárias. Elas foram retidas quando membros do governo tentavam introduzi-las ilegalmente no país.
Mauro Cid relatou que, em seguida ao “pedido” de Bolsonaro, entrou em contato com Júlio César Vieira Gomes, então secretário especial da Receita. O objetivo era pressionar o chefe da Receita, já que os fiscais já haviam orientado o governo sobre como se devia proceder para regularizar a entrada das joias no país.
Gomes confirmou que havia um pacote retido e que já havia um pedido de liberação dos itens datado de novembro de 2021, em nome do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Cid afirmou que Júlio César o orientou sobre como deveria ser feito o documento para solicitar à Receita a retirada do presente. Os fiscais, mesmo pressionados pelo chefe da Receita, não cederam e não permitiram que as joias fossem retiradas ilegalmente.
O pacote de joias havia sido retido pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Os objetos estavam escondidos na mochila de um assessor do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que tentava introduzi-los clandestinamente no país.
Ao ser descoberto tentando entrar criminosamente no país com as joias, o ministro alegou que o pacote era um presente do governo saudita para a primeira-dama do país. Ainda no aeroporto, ele foi orientado como deveria proceder para oficializar a entrada das joias no país, mas, o ministro se recusou a fazê-lo.
Após este episódio, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, disse que não sabia de nada. Jair Bolsonaro fez oito tentativas de retirar as joias sem cumprir as determinações legais orientadas pelos fiscais da Receita. Até no último dia de seu governo, o chefe do Executivo tentou intimidar funcionários da Receita para liberar ilegalmente as joias. Em todas essas tentativas de Bolsonaro de embolsar as joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, Mauro Cid esteve envolvido.