Crítica do presidente aos juros altos do BC foi feita nesta sexta-feira (2), durante visita à Universidade Federal do ABC
“Se a educação é a base de tudo, não podemos mais usar a palavra gasto. A palavra tem que ser investimento”, afirmou o presidente Lula, durante visita à Universidade Federal do ABC (UFABC), nesta sexta-feira (2). “Gasto é a gente pagar 13,75% de juros para o sistema financeiro desse país. O restante é investimento”, continuou Lula.
Ele reafirmou o compromisso do governo federal com a educação, a retomada de investimentos e anunciou um programa especial para garantir qualidade e a permanência de crianças e jovens no ensino fundamental. “Quem estuda tem mais chance de ter um emprego que dá autonomia e dignidade na vida”, disse o presidente.
“Mesmo sem diploma universitário, coloquei na minha cabeça que íamos fazer uma revolução – e vamos fazer! Para cada real que a gente investe na educação, tenho certeza, voltam milhares para os cofres desse país, para ajudar a gente a cuidar do povo”, prosseguiu o presidente, anunciando para o dia 12/6 (segunda-feira) o lançamento do “Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”, proposta específica para o ensino fundamental.
Lula também visitou, em São Bernardo, a fábrica Eletra, fabricante de ônibus elétricos. Na solenidade de inauguração da fábrica, Lula denunciou o processo de desindustrialização que vem ocorrendo no Brasil.
“Atacaram a indústria nacional de todas as maneiras. Diziam que quem não tem competência não se estabelece. Que era melhor comprar do estrangeiro do que fabricar aqui dentro. O resultado é que hoje a indústria que já foi 30% do PIB está em 11% do PIB”, denunciou Lula. “Todas as nossas indústrias de autopeças fecharam. A Metal Leve, uma empresa extraordinária, de um empresário extraordinário, foi vendida”, assinalou o presidente.
Ele parabenizou a iniciativa dos criadores da fábrica e disse que daqui a algum tempo virão empresas estrangeiras e vão dizer que o veículo estrangeiro é melhor que o nacional, etc. “Nessa hora é que há a importância do Estado. Cabe ao Estado defender a indústria nacional. É preciso fazer isso para que a gente possa ser competitivo com o mundo exterior. Então, se nós temos que comprar alguma coisa, temos que privilegiar o produto brasileiro, que gera empregos no Brasil”, afirmou Lula.
“Na negociação Mercosul/União Europeia, os europeus querem que o governo brasileiro abra as compras governamentais para os seus produtos e serviços, mas nós não vamos fazer isso. Se eles não aceitarem a posição do Brasil, não tem acordo. Porque nós não podemos abdicar das compras governamentais que são a oportunidade das pequenas e médias empresas sobreviverem no Brasil”, destacou o presidente.
Lula lembrou que o país acabou de “sair de um furacão” e que precisa ser reconstruído e voltar a crescer. “Esse país vai voltar a crescer: a gente vai estabilizar a economia; fazer crescer a massa salarial; assentar as pessoas que têm que assentar, para produzir alimento; e fazer o que tiver que ser feito, para melhorar a educação”, garantiu o chefe do Executivo Federal.
“Hoje inauguramos o novo prédio da universidade, o Bloco Zeta de Laboratórios, com investimento de R$ 13,6 milhões do governo federal. Mais incentivo para desenvolvimento de pesquisa, ciência e tecnologia, para o Brasil e para o mundo”, disse Lula.
“Gostaria que todos conhecessem a história da UFABC. As primeiras três turmas da universidade foram formadas por vestibular. Mas já no primeiro processo seletivo, a UFABC reservou metade das vagas para alunos vindos de escolas públicas, com proporcionalidade para negros”, acrescentou.
O presidente da República lançou a pedra fundamental e participou da inauguração da UFABC em 2009. Hoje, visitou laboratórios, encontrou a comunidade escolar e celebrou o fato de a Universidade ter, atualmente, 20 mil estudantes, selecionados em um processo inclusivo para diferentes grupos.
Presente à cerimônia, Haddad argumentou que não é possível mudar um país desigual como o Brasil sem a promoção de políticas vigorosas na educação e na saúde. “Continuo como um aliado, no Ministério da Fazenda. Não mudei de lado, só mudei de prédio”, acrescentou.
O ministro Camilo Santana (Educação) mencionou as iniciativas já adotadas na área, como o reajuste do repasse da merenda escolar, a revisão nos valores das bolsas e o pacto nacional para retomada das obras inacabadas, além da recomposição orçamentária. “A universidade gera oportunidades e esperança para os jovens brasileiros. O Brasil voltou a ter compromisso com educação pública, gratuita e de qualidade”.
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, também listou os avanços do Governo Federal para a educação, pesquisa e inovação. Citou, especificamente, a reativação do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, antes ignorado pela administração federal. “Vamos ter agora R$ 10 bilhões para a ciência e a tecnologia. O Brasil voltou, a ciência voltou, viva o povo brasileiro, viva as universidades do Brasil”, saudou.
“Mais de 95% da produção científica se dá na universidade e nos institutos de pesquisa. Por isso, nós não consideramos as universidades um lugar de balburdia. Muito pelo contrário, consideramos um espaço de excelência e produção de conhecimento”, prosseguiu a ministra Luciana, em referência a como as universidades brasileiras foram tratadas durante o desgoverno Bolsonaro.
Além da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, Lula estava acompanhado dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; da Educação, Camilo Santana; das Mulheres, Cida Gonçalves. dos Portos e Aeroportos, Márcio França; dos Transportes, Renan Filho; Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e do Trabalho, Luiz Marinho.
O reitor da UFABC, Dácio Matheus, elencou as ações já adotadas pelo Governo Federal em 2023 para a retomada dos investimentos e o fortalecimento das universidades públicas, como a liberação de R$ 2,4 bilhões para recomposição, depois de seis anos sucessivos de cortes.
O prédio inaugurado, de 1.800 metros quadrados (m²), com 22 laboratórios e salas de aula, para Dácio, vai ampliar a capacidade de relação e cooperação da universidade com a comunidade, o setor produtivo, a inovação, a indústria e com agentes públicos e privados da região. O reitor reiterou o compromisso “com o projeto de desenvolvimento do país, com respeito à diversidade de nossa gente, dos povos originários, a sustentabilidade ambiental e sociocultural dos nossos biomas e, sobretudo, o compromisso inarredável com a democracia”.