Manifestação na capital defendeu a imediata aprovação das reformas trabalhista, previdenciária e da saúde apresentadas pelo governo. Presidente Petro se fez presente em Bogotá, ao lado da vice, Francia Márquez, de ministros e de lideranças dos movimentos sociais
Convocados pelas centrais sindicais e movimentos populares, centenas de milhares de colombianos ocuparam as ruas de Bogotá, Cali, Medellín, Barranquilla, Ibagué e mais de 200 cidades dos 32 departamentos do país nesta quarta-feira (7) para exigir do Congresso Nacional a aprovação das reformas trabalhista, previdenciária e da saúde apresentadas pelo presidente Gustavo Petro.
Na capital, a “Toma de Bogotá” reuniu uma multidão que lotou a praça Bolívar e inundou várias quadras nas imediações com cartazes e faixas respaldando o presidente, que se fez presente ao lado da vice-presidente, Francia Márquez, de ministros e do presidente do Congresso Nacional, Alexander López Maya (do governista Pacto Histórico).
As centrais sindicais, confederações de aposentados e pensionistas e organizações comunitárias aplaudem o sentido “progressivo” das reformas. No caso da saúde, esclarecem, “busca recuperar direitos, remover privilégios dos poderosos grupos privados e retirar do negócio do grande capital financeiro os 84 trilhões de pesos (cerca de US$ 20 bilhões) em saúde que manipulam atualmente as Entidades Promotoras de Saúde (EPS) e os 360 trilhões de pesos (US$ 95 bilhões) das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP)”.
Entre outros avanços, explicam as entidades, “a reforma trabalhista introduz estabilidade no emprego, redução da terceirização e intermediação de mão de obra, pleno exercício das liberdades sindicais, direitos de associação, negociação coletiva, e garantia do direito de greve”. Além disso, regulamenta o trabalho rural, doméstico e dos entregadores. E por fim, recupera o adicional noturno a partir das 18 horas, 100% dos domingos e feriados e o contrato de aprendizagem como emprego.
A cobertura previdenciária é ampliada para reduzir a pobreza, fortalecer a Administradora Colombiana de Pensões (Colpensiones), atender os mais vulneráveis por meio de renda na velhice e para o Estado melhorar suas condições fiscais. “É uma reforma para pagar dívidas sociais, superando a concorrência entre os regimes criados pela lei privatizadora 100/93, estabelecendo uma complementaridade”, comemoram as lideranças sindicais e populares.
“É por conta dos inúmeros avanços apontados que há uma campanha midiática dos poderes econômicos e políticos do establishment neoliberal e da extrema direita contra o governo de Petro, pois são reformas essenciais para a justiça social e o desenvolvimento do país”, assegurou o presidente da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), Francisco Maltés. De acordo com Maltés, “a força desta mobilização demonstra o enorme respaldo popular ao projeto de Petro, impulsionando para que tramitem mais rapidamente no Congresso Nacional”. Finalmente, apontou, “exige dos setores que querem derrubar o presidente com um golpe de Estado que respeitem a institucionalidade, pois o povo está nas ruas”.
“UNIR PARA GOVERNAR”
O presidente Petro agradeceu o apoio e disse ser esta apenas “a antessala, o prelúdio, dos milhões que marcharão conosco”. Após destacar o significado de consolidar uma ampla frente com o princípio de “unir para governar”, o presidente se comprometeu a ampliar os direitos trabalhistas, garantir a previdência e a saúde públicas e de qualidade para o conjunto da população, e condenou os que se acostumaram aos “bacanais do poder” e “coquetéis com banqueiros”, “servindo ao grande capital e ao narcotráfico”.
Segundo o líder colombiano, é esta “máfia que praticou o genocídio, matando centenas de milhares em governos sanguinários e de fossas comuns” que vêm tentando sabotar “as mudanças que o país aprovou nas urnas”. Para isso, denunciou, em articulação com os “donos dos meios de comunicação”, buscam criar um clima para o golpe, inventando mentiras e forjando “pesquisas”.
Sustentado nesta determinação popular, disse Petro, “chegarei até onde vocês quiserem, porque este governo está a serviço do povo”. Em consonância com este ideal, informou que irá avançar com mais duas reformas no próximo semestre: as da Lei 30 da educação superior, “para que a juventude tenha acesso ao direito de ser educado” e dos serviços públicos, “a fim de que o usuário seja priorizado” e não o proprietário privado. “Foram as reformas que nos gritavam nas praças antes de ganhar a Presidência. Esperamos que o Congresso saiba ouvir este apelo e este pedido respeitoso”, sublinhou.
Mas para que os avanços aconteçam e a Colômbia seja uma potência mundial de vida, reiterou o líder, “não tenham preguiça de sair às ruas”. “Este será o país da beleza e dos afetos, das mulheres e da juventude, da poesia e das palavras, em que ninguém morre de fome ou de sede. O povo colombiano não será mais escravo nem deixará colocar grilhões. Não daremos nenhum passo atrás!”, salientou Petro.
Para Francia Márquez, a intensidade e a vibração do evento são expressões da disposição de luta por “reformas que devolverão a dignidade ao povo colombiano”.
“Obrigado Colômbia por acompanhar o governo da mudança, obrigado pela firmeza, pela dedicação, pelo compromisso. Aqui estamos com a dignidade que sempre nos caracterizou, defendendo os direitos do nosso povo, do país, dos mais excluídos e marginalizados”, concluiu a vice-presidente.
LEONARDO WEXELL SEVERO