“As plataformas digitais têm todos esses dados e queremos o acesso”, diz deputado Duarte (PSB-MA). Colegiado deve votar os pedidos na próxima semana. Duas sessões serão realizadas: na terça (13) e quinta-feira (15)
O deputado Duarte (PSB-MA) apresentou requerimentos na CPI do Golpe para ter acesso aos dados de redes digitais sobre os atos extremistas. Segundo afirmou ao site Poder360, a ideia é entender como a invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, foi planejada, mobilizada e motivada on-line. Isto é, por meio das redes digitais dos extremistas bolsonaristas.
“Queremos identificar quem fez publicações convocando para os atos”, disse o deputado, na quarta-feira (7). “As plataformas digitais têm todos esses dados e queremos o acesso.”
Duarte apresentou os requerimentos à CPI Mista, da qual é integrante titular. O colegiado deve votar os pedidos na próxima semana. Duas sessões serão realizadas: na terça (13) e quinta-feira (15).
Na segunda reunião do colegiado, realizada na última terça-feira (6), foi aprovado o plano de trabalho apresentado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Os requerimentos são para que as plataformas digitais — Twitter, Instagram e Facebook, Discord, Kwai, TikTok e Telegram — coloquem disponível os conteúdos das convocações e outros dados relacionados aos atos que redundaram nas invasões às sedes dos poderes e tentativa de golpe de Estado.
O pedido de Duarte deve levar a mais embates na CPI. A aprovação do plano de trabalho já foi marcada por bate-bocas e críticas da oposição. Um dos pontos criticados foi exatamente o papel das redes digitais para efetivação dos atos golpistas.
LINHAS DE INVESTIGAÇÃO
Entre as linhas gerais de investigação, segundo o plano de trabalho da relatora, senador Eliziane Gama, estão “as manifestações públicas e em redes sociais de agentes políticos contra o resultado das eleições”.
Um dos integrantes titulares da CPI, deputado André Fernandes (PL-CE), é investigado exatamente pelo conteúdo dos perfis dele nas redes digitais. A PF (Polícia Federal) concluiu que o parlamentar incitou os atos extremistas em Brasília.
No relatório enviado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, a PF cita publicações nas redes de André Fernandes um dia antes do início das invasões do 8 de Janeiro. “Primeiro ato contra governo Lula”, escreveu o deputado.
“Depreende-se que ele coadunou com a depredação do patrimônio público praticada pela turba que se encontrava na Praça dos Três Poderes e conferiu ainda mais publicidade a ela”, avaliou a PF.
PRESENÇA NO MÍNIMO CONTROVERSA
A presença de André Fernandes na CPI já é elemento que contrapõe os governistas e oposição. Na sessão da última terça-feira (6), os congressistas apresentaram requerimento para retirar o deputado do colegiado. O presidente dos trabalhos, deputado Arthur Maia (União-BA), indeferiu, sem submetê-lo a votação.
A justificativa é que investigado não poderia fazer parte do processo de investigação.
“Se a Constituição for respeitada, ele será retirado”, disse Duarte. O deputado afirma que a saída de André Fernandes também é necessária para que o conteúdo da CPI não seja desacreditado depois.
O pedido foi enviado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Como presidente do Congresso, ele foi o responsável por formalizar os integrantes da CPI e poderia determinar que o PL (Partido Liberal) substitua o deputado por outro parlamentar.