“A inércia dos EUA sobre a questão do Nord Stream é motivo de séria perplexidade”, afirma o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China
O Ministério das Relações Exteriores da China expressou surpresa sobre como os EUA têm estranhamente se desinteressado sobre a investigação das explosões que destruíram três cadeias dos gasodutos russo-alemães Nord Stream 1 e Nord Stream 2, em setembro do ano passado, operação pela qual Washington culpa a Rússia.
“Mais de oito meses se passaram desde as explosões do Nord Stream, mas a investigação está avançando muito lentamente. É particularmente surpreendente que os EUA, que sempre souberam explorar habilmente questões polêmicas e procuram desempenhar o papel de condutor da tocha, não falem nada nesta situação”, disse o porta-voz do Ministério, Wang Wenbin, em entrevista coletiva na terça-feira (13).
Segundo ele, “a inércia dos EUA sobre a questão do Nord Stream é motivo de séria perplexidade”. “Qual é a razão para os EUA manterem silêncio? Que segredos incríveis estão ocultos no incidente do Nord Stream para os EUA? Acho que os EUA deveriam apresentar uma explicação à comunidade internacional sobre essas questões”, concluiu o diplomata.
Em 27 de setembro de 2022, a Nord Stream AG informou danos sem precedentes ocorridos no dia anterior em três dos quatro ramos dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, alvo de sabotagem com cargas explosivas no fundo do Mar Báltico, perto de uma ilha dinamarquesa e na costa sueca.
O Gabinete do Procurador-Geral da Rússia abriu um processo criminal em conexão com o incidente com base em acusações de terrorismo internacional.
DENÚNCIAS APONTAM A RESPONSABILIDADE DOS EUA
Não é por acaso que Washington não tem mantido as acusações contra a Rússia e murchou seu interesse em desvendar o incidente. Várias denúncias de jornalistas e personalidades internacionais apontam os verdadeiros autores do atentado.
Uma investigação jornalística do proeminente comunicador americano vencedor do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, revelou que mergulhadores militares dos EUA colocaram cargas explosivas C4 sob os gasodutos russos
em junho de 2022, durante os exercícios Baltops da OTAN que mais tarde foram detonadas usando um equipamento que funciona a partir da emissão de ondas sonoras e é utilizado para a detecção e localização de objetos no fundo dos oceanos.
Hersh enfatizou que o presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou a sabotagem após mais de nove meses de discussões secretas com sua equipe de segurança nacional. Os preparativos para a ação foram coordenados pelo Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, que convocou uma equipe interagências para traçar o plano, acrescentou o jornalista investigativo.
Segundo o comunicador, a sabotagem dos EUA aos gasodutos russos é um assunto tabu para a mídia dominante em seu país.
Jeffery Sachs, um economista de renome mundial, professor de Políticas Públicas na Universidade de Columbia e ex-Conselheiro Especial do Secretário-Geral da ONU, foi na mesma linha durante entrevista à Bloomberg TV: “Esta não foi uma operação fácil de realizar. É o tipo de operação que a CIA e outras partes secretas do governo dos EUA realizam rotineiramente, e os EUA eram basicamente o único país com o motivo e os meios”.
Ao ser questionado por um dos entrevistadores, que pediu a apresentação de provas, Jeffrey Sachs sustentou que dados de radar indicam helicópteros militares estadunidenses, baseados na Polônia, circulando numa área próxima quando ocorreu o acidente.
O analista também citou que Washington já havia feito várias ameaças anteriores de fechar o Nord Stream, de uma forma ou de outra, e que o próprio secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, qualificou a destruição do oleoduto como “uma tremenda oportunidade”. “Essa é uma maneira estranha de falar, se você está preocupado em não invadir infraestrutura internacional crítica”, acrescentou o especialista.
Alemanha, Dinamarca e Suécia se recusaram a realizar uma investigação conjunta com a Rússia sobre a sabotagem dos gasodutos.
Os gigantescos gasodutos russos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 – de cerca de 1.200 quilômetros de extensão – são essenciais para o abastecimento de 40% do gás europeu, fornecendo mais da metade quando se olha exclusivamente para a Alemanha.