“O país saltou do pagamento de juros reais negativos ao redor de 3% para juros reais positivos de mais de 9% a.a., o que deslocou novamente os investimentos das atividades produtivas para as aplicações financeiras”, denuncia a entidade
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgou nota defendendo a redução dos juros pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central.
De acordo com a entidade, “as elevadas taxas básicas de juros colocaram os juros de mercado nas alturas impactando negativamente a renda das famílias e das empresas. Ao analisar os indicadores recentes de atividade econômica, se observa uma importante desaceleração. Os investimentos em máquinas e equipamentos, já em queda no último trimestre de 2022, registraram queda de 6,5% neste início de ano (jan-mai) podendo comprometer o futuro do crescimento do país”.
Leia a seguir a nota da entidade na íntegra
BANCO CENTRAL DEVE INICIAR CICLO DE BAIXA DA SELIC
Após um longo ciclo de política de aperto monetário, acreditamos que no anúncio desta próxima quarta-feira, 21/6, o Comitê de Política Monetária (Copom) registrará o início da redução da taxa básica de juro, a Selic.
O ciclo contracionista foi iniciado em março de 2021, quando a taxa básica se encontrava no nível mais baixo da história (2% a.a). A elevação da SELIC se deu de forma rápida e intensa, em pouco mais de um ano atingiu o atual patamar de 13,75% a.a (ago22) onde permaneceu por dez meses. No mesmo período o país saltou do pagamento de juros reais negativos ao redor de 3% para juros reais positivos de mais de 9% a.a., o que deslocou novamente os investimentos das atividades produtivas para as aplicações financeiras.
A inflação mundial se deu pelo desajuste nas cadeias globais de suprimentos provocados inicialmente pela pandemia da Covid-19 e posteriormente pela Guerra entre Rússia e Ucrânia. Interpretada como temporária colocou o mundo em alerta ao contrariar as expectativas.
No Brasil, com sua longa experiência com períodos inflacionários, a ação foi rápida, houve forte aumento da taxa básica de juros e ao mesmo tempo redução de alguns preços de bens administrados. E essas ações combinadas com fatores recentes como a queda dos preços das commodities e valorização do real frente ao dólar, colocou de volta a inflação nacional na meta estabelecida pelo CMN, na última medição oficial do país (mai23), o IPCA registrou variação acumulada nos últimos em 12 meses de 3,94%, valor dentro do intervalo de tolerância.
Mas, por outro lado, as elevadas taxas básicas de juros colocaram os juros de mercado nas alturas impactando negativamente a renda das famílias e das empresas. Ao analisar os indicadores recentes de atividade econômica, se observa uma importante desaceleração. Os investimentos em máquinas e equipamentos, já em queda no último trimestre de 2022, registraram queda de 6,5% neste início de ano (jan-mai) podendo comprometer o futuro do crescimento do país.
Em razão disto entendemos que esta reunião do COPOM sinalizará a redução da taxa básica de juros. A inflação em queda combinada com a desaceleração das atividades econômicas é sinal de que o aperto monetário foi mais que suficiente, não se discute a necessidade do “remédio”, mas sim a intensidade da dose; E os juros futuros, estão há cerca de três meses com variação abaixo da taxa básica, sinal de que o mercado já precificou a queda da SELIC. Entendemos ser urgente a adoção de política monetária que vise abrir espaço para os setores produtivos empregarem e gerarem renda ao país. Isto junto com as reformas estruturais em curso, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, deve colocar o país em novo patamar de desenvolvimento.