“Podemos utilizar este projeto para ampliar a cooperação entre os países. Queremos expandir esta união para fortalecer a tecnologia e a inovação na China e no Brasil”. A declaração é do embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, durante reunião com a ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), na segunda-feira (19), ao reiterar o compromisso do país asiático com uma cooperação longínqua e abrangente na área científica e tecnológica.
Segundo Qingqiao, o desenvolvimento conjunto do Satélite Sino Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-6) pode ser o fio condutor para outras parcerias entre os dois países. O acordo do CBERS foi assinado em abril de 2023 durante visita do presidente Lula e da ministra Luciana à China.
No Brasil, o programa CBERS é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em São José dos Campos (SP). O satélite, que possui uma tecnologia avançada, vai aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia. Com investimentos de mais de 100 milhões de dólares, o CBERS-6 deve entrar em operação em 2028.
Cada país deve investir 51 milhões de dólares, cerca de 265 milhões de reais. Juntos, Brasil e China já investiram aproximadamente 300 milhões de dólares em satélites, equivalente a cerca de R$ 1,5 bilhão em valores até abril.
No início, a parceria entre os países contou com uma participação maior dos chineses, que responderam por 70% dos custos, enquanto o Brasil custeava 30%. No terceiro satélite o cenário mudou e a divisão passou a ser meio a meio, com 50% de investimento de cada país.
A ministra ressaltou alguns aspectos estratégicos das políticas públicas para os próximos anos. “Transição energética, transformação digital, meio ambiente e clima, soberania em saúde e desenvolvimento social são alguns dos pilares do nosso governo que estão alinhados com a China”, disse. “Esses eixos podem contribuir para um melhor alinhamento entre os países”, completou.
COSBAN
Durante o encontro que aconteceu na sede do MCTI, o embaixador e a ministra discutiram a ainda a reunião da Subcomissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), principal mecanismo de diálogo regular entre o Brasil e China, prevista para acontecer este ano ainda.
O governo brasileiro tem buscado ampliar parcerias com outros países. Na visita à China em abril, o governo brasileiro assinou 15 acordos com o país asiático.
Entre os acordos firmados, estão alguns relacionados ao setor do agronegócio. Os governos dos 2 países atuarão em um plano de trabalho para a cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal. Haverá ainda um protocolo sobre regras sanitárias e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China.
O pacto prevê também a ampliação de relações comerciais e cooperação mútua na área da comunicação. Parte dos recursos chineses vêm em forma de empréstimo para o BNDES, que ultrapassam a cifra de R$ 6 bilhões.
Na visita também foram selados acordos de governos estaduais e de instituições brasileiras com os chineses. Um deles é um memorando do governo do Ceará com uma empresa chinesa para estudar projetos de energias renováveis eólica onshore (quando as turbinas são fixadas na terra) e offshore (as turbinas ficam no mar), solar, e hidrogênio azul e verde no estado. Um outro ato prevê uma cooperação entre a Fiocruz e a Academia Chinesa de Ciencias na área de saúde.