O primeiro, do Exército, foi flagrado cobrando de Bolsonaro a ordem para desencadear o golpe, e o segundo, da PM-DF, desorganizou a defesa da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Os dois serão ouvidos esta semana
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe ouve nesta semana Jorge Eduardo Naime, coronel e ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), e Jean Lawand Junior, coronel do Exército que incitou um golpe de Estado.
Os dois golpistas tiveram intensa atuação na execução da fracassada tentativa de Bolsonaro de interferir ilegalmente na Justiça Eleitoral para adulterar o resultado das eleições presidenciais do ano passado. Gravações obtidas pela Polícia Federal no celular de Mauro Cid, o “faz-tudo” de Bolsonaro, mostram o coronel Jean Lawand Junior implorando a Mauro Cid para que Bolsonaro desse a ordem para o golpe.
O roteiro do golpe já havia sido encontrado pela polícia escondido na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, quando este foi preso. A PF vasculhou a sua casa e encontrou o documento. Recentemente os detalhes do plano foram encontrados em mensagens no telefone celular de Mauro Cid, ajudante de Ordens de Jair Bolsonaro.
As conversas sobre o golpe estavam envelopadas em arquivo chamado “artigos científicos” e foram tornadas públicas pelo STF. Mauro Cid guardou um arquivos sobre as “ideias” do jurista Ives Gandra argumentando que poderia haver um farsesco golpe de Estado constitucional. O ajudante de ordens de Bolsonaro conversava com Jean Lawand Júnior, que pedia “pelo amor de Deus” que o governo Bolsonaro desse um golpe de estado.
Nas mensagens, trocadas entre o final de novembro e dezembro de 2022, Mauro Cid indica que o governo estava tentando organizar o golpe. Quando Lawand pergunta “cadê a ordem” para que as Forças Armadas ou os apoiadores de Bolsonaro dessem um golpe, Cid responde: “Estamos na luta”.
Cid admitiu que Bolsonaro não tinha o apoio da cúpula do Exército brasileiro quando falou que “o presidente não pode dar uma ordem se ele não confia no Alto Comando do Exército”.
Lawand insistiu que “o homem [Bolsonaro] tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão para baixo está”. Cid falou que “muita coisa [está] acontecendo… Passo a passo”. No dia 21 de dezembro, o coronel Lawand disse que foi informado que “não vai sair nada. Decepção, irmão. Entregamos o país aos bandidos”. Cid concordou: “Infelizmente”.
A análise do celular de Mauro Cid continua sendo feita pela PF e, de acordo com pessoas a par das investigações, vai trazer nos próximos 15 dias novidades tão impactantes quanto às já reveladas. O que pode incluir um filé mignon: trocas de mensagens que comprometem diretamente Jair Bolsonaro. A informação é do jornalista Lauro Jardim, do “Globo”.
DIRETOR DE OPERAÇÃO DA PM-DF
Jorge Eduardo Naime, coronel e ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), que estava mancomunado com o esquema do golpe e não organizou a defesa da Esplanada dos Ministérios, também será ouvido na CPMI.
O depoimento de Naime está previsto para às 14h desta segunda-feira (26). Ele é investigado por omissão e não cumprimento de ordens durante os atos criminosos de 8 de Janeiro, que resultaram na invasão e vandalismo das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Naime foi preso em 7 de fevereiro, em uma das fases da Operação Lesa Pátria, da Polícia.
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