Para Fiesp é um alerta para as dificuldades do setor que aponta a necessidade urgente da diminuição da taxa Selic
Após queda em abril, as vendas da indústria de transformação paulista voltaram a registrar recuo em maio. De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgado nesta quinta-feira (29), a queda no volume de vendas do mês passado foi de -3,4%. Em abril a queda foi de -3,8%. A indústria de transformação do estado de São Paulo é a maior e mais desenvolvida do país, portanto, um bom termômetro para a situação do setor produtivo nacional.
O Levantamento de Conjuntura da Fiesp também indica que em maio, na comparação mensal, houve queda de 0,7% nas horas trabalhadas na produção e de -0,5% no Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) dos parques paulistas. O componente salários médios, também parte do levantamento, foi o único que registrou variação positiva no mês, de +0,6%.
Por se tratar de um termômetro de vendas, a sequência de quedas aponta para uma demanda espremida pelos juros altos da economia e alto percentual de endividamento das famílias. Dentro os setores que tiveram tombos mais expressivos está o de Alimentos (-13,7%), onde estão produtos de primeira necessidade. Produtos Diversos (-15,0%) e Móveis (-10,4%) também contribuíram para o recuo mensal.
“O segundo mês consecutivo de queda nas vendas da indústria do estado de São Paulo, quando acumula contração de 7,1% no período, é um alerta para as dificuldades do setor constantemente explanadas pela Fiesp”, afirma a entidade em nota, acentuando a necessidade da redução imediata da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano.
“São necessários, portanto, a diminuição da taxa Selic, medidas que contribuem para a redução dos custos de captação de crédito”, diz a entidade, que também defende a criação de “incentivos à reindustrialização e à modernização do parque industrial do país”.
Como projeção para o ano e diante do cenário, a Fiesp espera que a produção da indústria brasileira caia 0,5% em 2023.
“Estes resultados corroboram com a perspectiva da Fiesp e do Ciesp de um ano desafiador para a indústria da transformação”.
“Ademais, por mais uma reunião, a sétima seguida, a taxa de juros foi mantida em um patamar elevado sem qualquer sinalização da autoridade monetária quanto a uma redução a frente. A Fiesp reforça a importância da redução da Selic, a aprovação da reforma tributária, a ampliação dos canais de concessão de crédito, a adoção de políticas que favoreçam a diminuição dos custos de produção e a redução do endividamento das empresas ainda no ano de 2023”, comunicou a entidade, após a decisão do Banco Central de manter a Selic em 13,75% ao ano.