Taxa de desocupação foi 8,3%, índice 0,3% menor para o trimestre encerrado em maio desde 2015
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,3% no trimestre encerrado em maio, sendo uma queda de 0,3 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre móvel terminado em fevereiro de 2023 (8,6%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (30), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isto, o número de pessoas em busca de emprego cedeu em menos 279 mil frente ao trimestre anterior. Em números absolutos, são 8,9 milhões de brasileiros em busca de uma vaga de emprego no país, sem encontrar.
De acordo com a análise de Adriana Beringuy, coordenadora da PNAD, “esse recuo no trimestre foi mais influenciado pela queda do número de pessoas procurando trabalho do que por aumento expressivo de trabalhadores. Foi a menor pressão no mercado de trabalho que provocou a redução na taxa de desocupação”.
Esta é a menor taxa para um trimestre encerrado em maio desde 2015, quando também ficou em 8,3%. Apesar dos esforços do governo Lula para alavancar a geração de emprego no país, a restrição no mercado de trabalho tem demonstrado resistência pela atuação do Banco Central (BC), dirigido por Roberto Campos Neto, que mantém a taxa de juros básica Selic em 13,75%, o que reprime a demanda de bens e serviços no país e, consequentemente, gera a queda das atividades da indústria, comércio e serviços, levando para o desaquecimento da economia. Em uma economia que não cresce, com juros altos, poucos se aventuram em investir.
Na sua última ata, o BC evidenciou novamente sua insatisfação com os últimos resultados no mercado de trabalho. “Tem apresentado certa resiliência, com aumento líquido nos postos de trabalho e relativa estabilidade na taxa de desemprego. Observou-se, entretanto, redução na taxa de participação”, disse trecho do documento, que não deixa dúvidas, o objetivo do BC de Campos Neto é que o desemprego volte a subir acima de dois dígitos.
Diante disto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) tem total razão em afirmar, durante entrevista à Rádio Gaúcha, ontem (29) que “ele [Campos Neto] não tem sentimento com o sofrimento do povo”.
“Não existe hoje nenhuma explicação econômica, sociológica, filosófica, o que você quiser, pensar para que a taxa de juros esteja a 13,75%, porque nós não temos inflação de demanda”, disse Lula. “A inflação em 12 meses está menos que 5%, por que a taxa de juros tem que estar neste nível? Qual é a explicação?”, indagou. “Você tem um cidadão que me parece que não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo, não tem sentimento com o sofrimento do povo e mantém uma taxa de juro para atender os interesses de quem? A quem que este cidadão está servindo neste momento?”, voltou a questionar Lula.
20,7 MILHÕES DE PESSOAS SUBUTILIZADAS
De acordo com o IBGE, o número de pessoas ocupadas, de 98,4 milhões, ficou estável na comparação trimestral. Já a taxa de subutilização ficou em 18,2% no trimestre encerrado em maio, uma queda de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, de dezembro a fevereiro.
Ao todo, são 20,7 milhões de pessoas que compõem a chamada subutilização da força de trabalho (desempregados, aqueles que trabalham menos do que poderiam (5,1 milhões) e desalentados (3,7 milhões) – pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos).
Já a taxa de informalidade ficou estável em 38,9% da população ocupada. Em números absolutos, são 38,3 milhões de trabalhadores informais, pessoas obtendo sua subsistência em atividades de trabalho sem carteira assinada, como PJs, e, na sua maioria pessoas vivendo dos famosos “bicos” com jornada de trabalho excessiva e renda miserável.
“Embora não tenha havido uma expansão significativa da população ocupada total no trimestre, houve algumas diferenças pontuais em algumas atividades econômicas. A maioria ficou estável, mas foi observada queda do número de trabalhadores na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-1,9%, ou menos 158 mil pessoas) e expansão Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,5%, ou mais 429 mil pessoas)”, destaca Beringuy.
“No caso do grupamento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, o crescimento foi impulsionado pelo segmento de Educação e por meio da inserção de empregados sem carteira de trabalho assinada”, segundo a coordenadora.
O IBGE destaca que “no panorama anual, houve altas em Transporte, armazenagem e correio (4,2%, ou mais 216 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (3,8%, ou mais 440 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,5%, ou mais 764 mil pessoas) e reduções redução nos grupamentos de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-6,2%, ou menos 542 mil pessoas) e Construção (-3,7%, ou menos 274 mil pessoas)”.
RENDA
O rendimento real habitual ficou estável frente ao trimestre anterior em R$ 2.901. No ano, o crescimento foi de 6,6%. Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 280,9 bilhões. O resultado também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas cresceu 7,9% na comparação anual.