Depois dos três primeiros depoentes — Silvinei Vasques, George Washington e Jean Lawand — terem mentido na CPI do Golpe, relatora promete que isso não mais vai ocorrer
Relatora da CPI do Golpe, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) avisa que chegou ao limite as mentiras por parte de depoentes no colegiado.
Nesta semana, quando o tenente-coronel Mauro Cid presta depoimento ao colegiado, ela promete não tolerar mais mentiras, como ocorreu com o ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, que foi o primeiro a depor no colegiado.
“A gente chegou no nosso limite por causa do Silvinei”, avisou a senadora.
Mauro Cid foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Era o “faz-tudo” de Bolsonaro. Cid é investigado no inquérito que verifica a possibilidade de falsificação dos dados no cartão vacinal do ex-presidente da Jair Bolsonaro (PL). Está preso desde maio.
No celular dele, a PF (Polícia Federal) também encontrou documentos com minuta de decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), dispositivo militar que aciona as Forças Armadas para restaurar a ordem pública, e dados para subsidiar golpe de Estado.
Em entrevista ao portal Congresso em Foco, Eliziane Gama falou sobre a atuação até o momento da CPMI e até mesmo do fato de não descartar pedir segurança extra, vez que tem sido alvo de série de ataques presenciais e virtuais desde que assumiu a relatoria do colegiado.
FLAGRANTES MENTIRAS
“Eu até já conversei com minha assessoria, para reafirmar isso mais uma vez. Não é ameaça ao depoente, mas a gente não pode permitir que haja ação continuada”, disse a relatora diante do fato de que todos os três primeiros depoentes mentiram flagrantemente diante da CPI e nada ocorreu.
“A gente não pode dar elementos para que, de repente, outros depoentes venham para CPMI e digam, olha eu vou mentir e vai continuar por isso mesmo. Não é assim. A gente, na verdade, tem que compreender que esta é uma comissão parlamentar de inquérito e uma CPI nasce na verdade com poderes”, lembrou.
Poderes esses que não estão sendo exercidos, pois o presidente do colegiado está sendo permissivo diante do fato de que os depoentes mentiram claramente, cometeram crime, e nada ocorreu com eles.
“Então, não se pode desrespeitar os trabalhos da comissão. E eu fico também muito preocupada que casos como esses possam se repetir e abrir precedentes. Eu acredito que a gente chegou no nosso limite por causa do Silvinei [Vasques]. Foi o primeiro depoimento, aí fica aquele questionamento: nossa já começou prendendo, não tem uma tolerância?”, ponderou a relatora.
“Mas a tolerância tem limite. Não dá para ficar sendo sempre tolerante sob pena de acabar abrindo precedentes sérios, que é o não respeito aos trabalhos da comissão”, acrescentou.