“Se não houvesse o programa, estaríamos projetando uma queda”, diz Andreta Jr., presidente da entidade
Em um ano marcado pela paralisação da produção das montadoras de veículos por falta de demanda, o setor de veículos conseguiu no mês de julho apresentar uma melhora em sua venda com o programa do governo de incentivo à compra de carros zero. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), divulgados nesta terça-feira (4), as vendas de veículos novos no Brasil cresceram 7,37% no mês passado.
“Se não houvesse o programa, estaríamos projetando uma queda”, disse Andreta Jr., presidente da entidade que revisou a projeção de crescimento de “estabilidade” para +0,1% este ano.
A Fenabrave não informa qual a porcentagem desses veículos vendidos contou com o incentivo do governo que destinou R$ 1,8 bilhão para que as montadoras dessem descontos nos preços dos veículos novos.
Em números absolutos, em junho foram emplacadas 189.528 novas unidades no país, entre carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Já no primeiro semestre deste ano, houve 998.270 emplacamentos no país, alta de 8,76% em relação ao mesmo período do ano passado.
Desde o lançamento do programa governo Lula para baratear o preço dos carros novos no país e ajudar as montadoras, o emplacamento diário subiu de uma média de 3 mil a 4 mil para um pico de 22,4 mil no último dia útil de junho. O que significa que parte das vendas, portanto, será computada no mês de julho.
Com a crise das montadoras, em meio às elevadas taxas de juros no financiamento, na esteira da juros elevados impostos pelo Banco Central (BC), de janeiro até junho cerca de 15 fábricas de veículos paralisaram suas produções por falta de demanda, com férias coletivas e demissões de trabalhadores.
“Os juros altos inviabilizam a indústria nacional”, criticou a deputada federal, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao comentar a paralisação das produções de três fábricas da Volkswagen. “O consumo de bens duráveis pelas famílias brasileiras depende, fundamentalmente, de crédito. Crédito nos remete a juros. E os juros brasileiros continuam, absurdamente, a ser os mais altos do mundo”, disse a parlamentar.
No início desta semana, a Renault anunciou a suspensão temporariamente dos contratos de trabalho (layoff) de seus funcionários na fábrica de veículos de passeio em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Cerca de 1.000 trabalhadores foram afetados pela medida que começou a valer na segunda-feira (3). A duração do layoff será de dois a três meses.
A decisão foi tomada para “ajustar a produção à demanda de mercado”, disse a Renault. A partir do dia 10 de julho, a paralisação temporária começa nas fábricas de motores e injeção de alumínio da montadora.
Já as vendas de caminhões e ônibus caíram -2.17% e 5,45%, respectivamente, em junho na comparação com maio. As vendas de motos tombaram 13,09% no mesmo período.