O líder da luta contra a corrupção e crítico da invasão norte-americana no Afeganistão, Imran Khan, venceu as eleições legislativas do Paquistão, na quarta-feira (25). Khan é líder do Movimento pela Justiça do Paquistão (TPI), partido que elegeu 109 deputados.
Inscreveram-se no pleito cerca de 106 milhões de paquistaneses, na primeira eleição onde as mulheres tiveram a oportunidade de votar no país. Sob uma atmosfera de muita tensão, com a eleição sendo antecedida por diversos atentados terroristas, Khan se apoiou em propostas de mudança para construir “um novo Paquistão”. Em seu discurso de vitória, ele afirmou estar disposto a “melhorar as relações com os países vizinhos”, alegando que pode aprender muito sobre combate a corrupção e a pobreza com a China, bem como disse que trabalhará para por fim ao conflito da região de Caxemira com a Índia.
Durante sua campanha, Khan criticou a política belicista dos EUA. “Infelizmente, há um problema com a política americana de usar uma solução militar unidimensional para problemas no Afeganistão, que levou não só à mais longa guerra, mas também causou imensos problemas ao Paquistão”, afirmou Khan em abril à RT.
O presidente eleito lidera há seis anos manifestações contra ataques com drones que Obama supervisionava e que, a pretexto de matar “terroristas” (leia-se guerrilheiros que resistiam à invasão do vizinho Afeganistão pelos EUA), chacinou civis em solo paquistanês, com protestos quase que balbuciados pelos governos anteriores do país atacado.
Em julho de 2017, o ex-primeiro-ministro, Nawaz Sharif, foi desqualificado pela Corte Suprema do Paquistão, após seu nome haver aparecido nos documentos reveladores de corrupção denominadas de Panamá Papers. Em julho deste ano, Sharif foi condenado – em ausência, pois está foragido da justiça de seu país em Londres – a 10 anos de prisão.
Quanto ao primeiro-ministro eleito, sua determinação em acabar com os ataques a drones se manifestou de forma aberta em declarações à imprensa, em 2016. Para ele, “o uso desumano de ataques a drones, em total violação dos direitos humanos, ao invés de matar terroristas, mata as perspectivas de paz no Afeganistão”.
Ele seguiu condenando essas “táticas desumanas de matar pessoas a controle remoto, como num jogo de computador, desumanizando as pessoas, tratando os atingidos como se fossem seres de outro planeta. Sem dar aos alvos dos drones os direitos básicos de provarem sua inocência”, proclamou Khan.
“Não dá pra entender como os americanos pensam que uma bomba, quando explode, tem em seus estilhaços o conhecimento exato de quem é terrorista, quem é uma mulher, quem é uma criança e quem é uma avó”, prosseguiu.
Ao ser eleito, Khan, lembrou sua luta contra a agressão ao Paquistão destacando: “Felizmente hoje me foi dada à chance de realizar o que sonhei para o país”, prosseguiu, “nossa esperança é de que haja um acordo; que haja paz no Afeganistão porque o Paquistão é afetado por aquilo que ocorre no Afeganistão”.
GABRIEL CRUZ