Na comparação com junho do ano passado, a queda foi de 7,1%
O programa de incentivo do governo para venda de carros zero km contribuiu para redução do alto volume de estoques das montadoras de veículos em junho, mas não impediu a forte queda de 16,8% na produção do mês em relação a maio. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgados nesta sexta-feira (7). Na comparação com junho do ano passado, a queda foi de 7,1%.
A produção de veículos comerciais leves em junho caiu 11,6% na comparação com maio e 30,3% na comparação com junho de 2022. A produção de caminhões caiu 16,2% em junho frente a maio e, em relação a junho de 2022, a queda foi de 47,4%. A produção de ônibus no mês de junho variou positivamente em 0,1%, mas tombou em 34,8% na comparação anual.
De acordo com informações da associação, o número de veículos encalhados nos pátios era de 251,7 mil em maio. A falta de demanda para carros novos diante dos altos preços agravados pelos elevados juros no financiamento provocou a paralisação da produção de cinco fábricas em maio. Após aplicação dos recursos do programa que barateou os carros novos, os estoques caíram para 223,6 mil em junho, o que equivale a uma redução de 40 para 35 dias de reservas.
“Os recursos à disposição para o carro zero se encerraram, cumprindo muito bem a proposta do programa de trazer carros mais baratos para o consumidor, com renovação da frota e aquecimento da economia”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Ainda que tenha equilibrado os estoques, a produção tombou: em maio, as montadoras produziram 228 mil veículos, contra 189 mil no mês passado. No semestre, o setor teve alta discreta de 3,7%.
As vendas de veículos leves
Apesar da boa vontade do programa do governo, cujos recursos foram esgotados este mês, as vendas não vão crescer com a taxa básica de juros da economia a 13,75% – razão pela qual se vê uma “estagnação do mercado”, segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
“Há dois anos nós tínhamos uma taxa de juros de 2%. Você fazer um financiamento de um automóvel em 60 meses, você tinha prestações que cabem no bolso. Hoje o que acontece? Você tem 30% ao ano para o consumidor. Então ele vai financiar um veículo em 3 anos, numa conta simples, nós podemos colocar aí de 70% a 90% de taxa de juros. Ele vai pagar o dobro do preço do carro”, exemplificou Lima Leite em entrevista à BandNews mês passado.
“Embora essa medida do governo, que tem sido uma medida muito boa no sentido de acelerar, de trazer o consumidor novamente com esse desejo do carro zero, isso tudo muito positivo, e a indústria comemora, mas nós temos um estoque hoje de mais de 250 mil. Esse estoque com uma produção acelerada ele acaba não sendo suficiente para esgotar o estoque e fazer com que o mercado dê uma fluidez entre demanda e produção”, disse.