O compromisso brasileiro é com desmatamento zero em 2030. Lula não se comprometeu a abandonar açodadamente a exploração de combustíveis fósseis, como queria Petro
O presidente Lula deixou claro na reunião dos países amazônicos em Letícia, na Colômbia, neste sábado (8), que as potências econômicas, que mais poluem o planeta, não têm autoridade para cobrar ou ameaçar os países como o Brasil e outros, que mantêm cuidadas as suas florestas.
O que eles devem fazer, segundo Lula, é parar de pressionar de forma arrogante e desrespeitosa os países que têm floresta e aportar US$ 100 bilhões por ano para ajudar a combater a destruição do planeta, decididos em Copenhague na década de 90, e que até agora não foram desembolsados.
O governo brasileiro não só criticou os poluidores por não aportarem os recursos, como apontou que eles controlam de maneira excludente as instituições internacionais sobre o tema. “Quem tem as maiores reservas florestais e a maior biodiversidade merece maior representatividade”, defendeu. “É inexplicável que mecanismos internacionais de financiamento como o Fundo Global para o Meio Ambiente, que nasceu no Banco Mundial, reproduzam a lógica excludente das instituições de Breton Woods”, prosseguiu Lula.
Sobre os compromissos assumidos, o governo brasileiro não tergiversou sobre a meta de desmatamento zero até 2030. “Relançamos o Plano em janeiro deste ano e já podemos ver seus resultados. Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma redução de 33,6% neste primeiro semestre”, informou. “Meu governo vai zerar o desmatamento ilegal até 2030. Esse é um compromisso que os países amazônicos podem assumir juntos na Cúpula de Belém”, afirmou o presidente.
Lula não embarcou na ideia defendida pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de que não se deve explorar petróleo na região amazônica. Influenciado pelas posições de George Soros e os organizadores do Fórum Econômico de Davos, defensores da transição energética a toque de caixa, Petro queria um compromisso do Brasil de não investir na exploração de petróleo na Margem Equatorial do país, a 500 km de distância da costa.
O Brasil não assumiu esse compromisso. O Planalto está estudando seriamente a exploração desta região e tem como garantia para o sucesso da empreitada a excelência de uma tecnologia altamente desenvolvida e segura da Petrobrás. O governo está estudando a solicitação da estatal de autorização para pesquisar a potencialidade da região.
O Brasil está ciente de que o mundo caminha para uma transição energética e para uma economia descarbonizada, mas não está pretendendo prejudicar o seu crescimento econômico e a sua reindustrialização abraçando “orientações” açodadas que as potências econômicas dão para os países em desenvolvimento, mas que elas mesmas não seguem.
Como o próprio presidente Lula tem dito, 87% da matriz energética do Brasil é limpa. O ritmo de transição energética, portanto, não urge que seja tão apressado no Brasil quanto querem os países altamente poluidores do planeta.
Além disso, há uma grande discussão no mundo sobre o ritmo, a viabilidade econômica e os custos de uma transição energética. Países que se apressaram, como a Alemanha, estão tendo grandes prejuízos econômicos e sociais e estão tendo que importar gás do EUA e a retornar para o uso de carvão.
Há especialistas, e até membros do governo brasileiro, que defendem o uso dos recursos do petróleo extraído no Brasil e vendido no exterior para, entre outras coisas, financiar as pesquisas sobre uma transição energética segura. Uma das medidas apontadas como sendo fundamental neste sentido é a reestatização da Eletrobrás. A empresa, voltando a ser pública, junto com a Petrobrás, e sem a ganância dos lucros máximos a todo custo de seus açambarcadores, pode ajudar muito o país a garantir uma transição energética segura.
Reforçando que sua visão não é a mesma das pessoas que acham que preservação significa manter a Amazônia intocável, Lula não só defendeu as atividades econômicas na região, como propôs mecanismos comuns de combate à biopirataria, que muitas vezes é estimulada pelas grandes potências. “Precisamos proteger a propriedade intelectual e prevenir a biopirataria na Amazônia, desenvolvendo e aproximando nossos sistemas nacionais de uso do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais”, salientou Lula.
A tese de uma transição energética açodada foi lançada em 2020 por um grupo de bilionários que anualmente organiza um convescote na cidade de Davos, na Suíça. O argumento desse grupo “desinteressado” é que o planeta está atualmente com muita gente – muita gente pobre – e a economia mundial precisa, segundo eles, fazer uma espécie de “reset”, ou como eles chamam, “o grande reinício”, para resolver esse “problema”.
Klaus Schwab, organizador de Davos, explicou a ideia que norteia o grupo em um artigo que acompanhou o lançamento: “A pandemia representa uma rara mas estreita janela de oportunidade para refletir, reimaginar e redefinir nosso mundo para criar um futuro mais saudável, justo e próspero.” A essência da questão está na “nazi-ideia” de que, se não há bens para todos no planeta, há que se eliminar o “excesso humano”.
Schwab fala principalmente sobre o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. Mas o escopo das ideias é enorme – cobrindo tecnologia, mudança climática, o futuro do trabalho, segurança internacional e outros temas – e é difícil ver precisamente o que o Great Reset significa na prática.
A ideia é simples. Parar de financiar a exploração de petróleo em vários países. Ou seja, apressar a transição energética, sem que toda a Humanidade esteja preparada para ela. É evidente que o resultado disso será um grande “reset” social e econômico. Uma verdadeira hecatombe.
Para agradar incautos, ele fala também num hipotético e futuro “imposto sobre a riqueza”. Os grandes propagandistas da ideia são dois órgãos, um administrado por George Soros, a Open Society Foundations (OSF), e o outro, o BlackRock, o maior fundo especulativo mundial, que gerencia US$ 10 trilhões.
A “genialidade” da iniciativa está no fato de que a eliminação do “excesso humano” do planeta seria feita sem precisar de uma guerra mundial, como convencionalmente eles costumam fazer para “superar” esse tipo de “problema” .
Os magnatas manipulam justas preocupações de diversos setores da Humanidade com a defesa do planeta e de uma vida saudável para defender ideias que podiam perfeitamente estar – se é que não estão – no Mein Kampf.
A ideia foi lançada em junho de 2020, pelo Príncipe de Gales e pelo chefe do Fórum Econômico Mundial, de Davos, Klaus Schwab. Eles apresentaram a iniciativa pedindo que a pandemia fosse vista como uma chance para o que eles chamaram de Great Reset da economia global.
Um vídeo de lançamento da ideia, feito pelos bilionários, que mostram-se muito preocupados com o planeta, intercalava imagens de um mundo em caos – uma baleia morta, um furacão, um canguru em um incêndio – com um discurso do príncipe Charles. “Temos uma oportunidade incrível de criar indústrias sustentáveis inteiramente novas”, disse o príncipe. “A hora de agir é agora”, conclamava o Príncipe de Gales.
A posição firme de Lula contra o desmatamento e se comprometendo com o desmatamento zero em 2030, pelo fim da biopirataria e pela busca de uma vida digna para os cerca de 50 milhões de moradores da região amazônica, sem se comprometer com a visão açodada sobre a interrupção precipitada da exploração de combustíveis fósseis, inclusive na margem equatorial, mostra que o governo brasileiro agiu de forma madura e séria não pretende abrir mão de seu desenvolvimento econômico e social e, portanto, de seu futuro.
SÉRGIO CRUZ
Sérgio
Poder-se-ia dizer assim?
A conquista de um futuro para a humanidade está mais Enterprise – Jornada para as estrelas.
Do que para digamos um Blade Ranner da vida.