O hacker Walter Delgatti Neto, que deu início à “Vaza Jato”, disse à Polícia Federal (PF) que a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) pediu a ele que tentasse invadir urnas eletrônicas ou o celular do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As informações são do blog de Andréia Sadi, no G1.
O pedido foi feito em setembro de 2022, quando Jair Bolsonaro disputava as eleições presidenciais, mas aparecia atrás de Lula nas pesquisas eleitorais.
Já durante as eleições, Bolsonaro e seus aliados acusavam de manipulação, sem nenhuma prova, o sistema eleitoral brasileiro e atacavam Alexandre de Moraes, que teve uma postura firme em defesa da democracia.
Delgatti admitiu que tentou invadir o sistema das urnas eletrônicas, mas não conseguiu.
No celular de Alexandre de Moraes, que conseguiu invadir em 2019, o hacker disse não ter encontrado nada comprometedor.
Segundo Delgatti, Carla Zambelli também pediu para que ele invadisse o e-mail de Moraes, o que não foi possível.
O depoimento de Walter Delgatti Neto confirma o que foi noticiado pelo The Brazilian Report, em fevereiro.
Uma fonte, que falou em condição de anonimato, afirmou que Delgatti estava ligado a Carla Zambelli e buscando pessoas para “tentar invadir o chip do presidente do TSE, Alexandre de Moraes”.
O hacker foi gravado falando que a pessoa receberia, no mínimo, R$ 10 mil, porque havia “um pessoal pagando por trás”.
No depoimento à PF, Delgatti disse que a conversa com Carla Zambelli aconteceu em um encontro que tiveram na Rodovia dos Bandeirantes.
Zambelli buscou colocar Delgatti na campanha de Jair Bolsonaro, mas ele não foi aceito. O hacker disse ter trabalhado cuidando das redes sociais da deputada.
A tentativa de invadir o celular e e-mail de Alexandre de Moraes se soma a outras provas de planos golpistas que eram gestados em ambientes muito próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Seu ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi preso por envolvimento no ataque golpista do dia 8 de janeiro e em sua casa a PF encontrou a minuta de um decreto que anularia, sem justificativa, o resultado das eleições presidenciais.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, conversava abertamente com aliados, militares da ativa, sobre como o golpe deveria ser executado. Em seu celular, também foram encontrados “estudos jurídicos” para a implantação de uma ditadura.
Walter Delgatti Neto ficou conhecido por participar da “Vaza Jato”, ilegalidades cometidas na Operação Lava Jato, inclusive pelo hoje senador Sergio Moro (União-PR).
Delgatti, que ficou conhecido como “hacker de Araraquara”, cidade no interior de São Paulo, encontrou uma brecha na segurança do aplicativo de mensagens Telegram e conseguiu acessar as contas de dezenas de pessoas.
Ele foi preso em 2019 por conta das invasões, mas depois foi solto e teve apenas que cumprir medidas restritivas, como proibição de acesso à internet.