Depois das visitas suspeitas ficou calado na CPMI. Ele recebeu 73 pessoas desde que foi preso, em 3 de maio. Ao saber do número “elevadíssimo”, o ministro Alexandre de Moraes decidiu restringir as visitas à mulher, filhos e advogados. As demais, apenas se autorizadas por ele
Aliados de Jair Bolsonaro, como seu advogado, Fabio Wajngarten, e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, visitaram o ex-ajudante de ordens Mauro Cid na prisão. O ex-comandante do Exército, Júlio César de Arruda, exonerado por Lula, também o visitou.
Após as visitas, na terça-feira (11), ele compareceu na CPMI do Golpe, mas ficou em silêncio para não produzir provas contra si e também acobertar o autor do “roteiro do golpe” encontrado pela PF em seu celular. Cid só fazia o que Bolsonaro mandava, era seu faz-tudo.
Dados da CPMI do Golpe obtidos pela GloboNews mostram que a defesa de Jair Bolsonaro foi até o Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, onde Mauro Cid está preso, conversar com o ex-ajudante de ordens.
Ele recebeu 73 pessoas desde que foi preso, em 3 de maio.
Ao saber do número “elevadíssimo”, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu restringir as visitas à mulher, filhos e advogados. As demais, apenas se autorizadas por ele.
Jair Bolsonaro e Mauro Cid estão envolvidos, juntos, em casos como o da fraude em cartões de vacinação e o dos planos golpistas. Mauro Cid está preso desde maio por conta da fraude nos cartões de vacinação.
Outro envolvido nos crimes que visitou Mauro Cid é o coronel Jean Lawand Junior.
Lawand defendeu em mensagens enviadas para o ex-ajudante de ordens que Bolsonaro “desse a ordem” para um golpe de estado.
Ele ainda disse que se o Alto Comando não estivesse de acordo com o ataque contra a democracia, os militares que são “de divisão para baixo” estariam.
Na CPMI da Golpe, Jean Lawand Junior disse que todo mundo, inclusive a Polícia Federal, tinha interpretado errado as mensagens. Na verdade, ele pedia uma “ordem” de Bolsonaro para que os acampamentos golpistas fossem desmontados.
A lista de visitas do Batalhão de Polícia do Exército mostra que o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, muito próximo de Bolsonaro, visitou Mauro Cid.
O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Ridauto Lúcio Fernandes, foi outro que visitou Mauro Cid. Ridauto esteve no atentado terrorista do dia 8 de janeiro com uma bandeira do Brasil amarrada no pescoço.
O ex-comandante do Exército, Júlio César de Arruda, também foi conversar com Cid.
Arruda comandava o Exército até o dia 21 de janeiro, quando foi demitido pelo presidente Lula por se recusar a anular a nomeação de Cid como chefe de um batalhão do Exército em Goiânia.
A nomeação tinha sido feita por Bolsonaro nos últimos dias de seu governo. O Batalhão de Goiânia é citado por militares que queriam dar um golpe para manter o ex-presidente no poder.
PROVAS CONTRA MAURO CID
Nas investigações contra Mauro Cid surgiram diversos indícios de seu envolvimento em crimes.
Cid mantinha em seu celular documentos e “estudos jurídicos” sobre um golpe de Estado para impedir a posse de Lula.
Um dos documentos sugere o uso da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) contra a democracia e o golpe seria justificado pelos supostos abusos por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por Whatsapp, ele conversou com militares da ativa, como Jean Lawand Junior, sobre o golpe de Estado.
Outros membros do governo, como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, tinham documentos similares guardados em casa.
No armário de Torres, dentro de uma pasta do Governo Federal, a PF encontrou a minuta de um decreto presidencial que instalaria um “estado de defesa” sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular as eleições presidenciais.
CARTÃO DE VACINAÇÃO
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também foi flagrado pedindo ajuda para inserir dados falsos nos cartões de vacinação de sua esposa, suas filhas, Jair Bolsonaro e outros aliados, além do seu próprio.
Estão sendo investigados os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
Em dezembro de 2022, antes de Jair fugir para os Estados Unidos, foram emitidos três certificados de vacinação através de seu aplicativo no ConecteSUS.
Depois que os certificados foram emitidos, outro membro do grupo criminoso apagou os dados do sistema da Saúde.
O advogado de Mauro Cid apresentou a tese de que Jair Bolsonaro não sabia do que seu ajudante de ordens fazia, mas o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que essa narrativa “não é crível”.
A PF tem provas de que Jair Bolsonaro e seus assessores, além de duas outras pessoas, “se uniram, em unidade de desígnios, e, de forma exitosa, inseriram dados falsos de vacinação contra a Covid-19, em benefício de Jair Bolsonaro” no sistema do Ministério da Saúde.