Para o vice-líder do governo, em debate na UNE, a autonomia do Banco Central, aprovada durante o governo Bolsonaro, é um “instrumento de uma parcela da elite para mandar na economia, ainda que tenham perdido as eleições”
O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), vice-líder do governo, afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é “representante do setor derrotado nas eleições”, que quer continuar controlando o país.
Renildo participou, nesta quinta-feira (13), de um debate no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Para o deputado, a autonomia do Banco Central, aprovada durante o governo Bolsonaro, é um “instrumento de uma parcela da elite para mandar na economia, ainda que tenham perdido as eleições”.
O presidente do BC e amigo de Bolsonaro, Roberto Campos Neto, é um representante desse setor. Ele era até membro de um grupo de WhatsApp de ministros do antigo governo, contradizendo sua posição de “autonomia”.
Campos Neto e seus aliados na diretoria do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se recusam a diminuir a taxa básica de juros, apesar da queda acentuada da inflação.
Atualmente, com os juros nominais em 13,75% e a inflação em 3,16%, os juros reais estão em 10,59%. O Brasil é o país com o maior juro real do mundo.
Essa política de juros é, de acordo com o deputado Renildo Calheiros, um “crime contra a economia e o povo”.
O próprio presidente Lula tem criticado a política de juros do Banco Central. Lula disse que “não tem mais explicação” a taxa básica de juros permanecer em 13,75%.
“A inflação está caindo e logo, logo, vai começar a cair a taxa de juros, porque o presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] é teimoso, é tinhoso, mas não tem mais explicação”, apontou.
Além de uma mudança na política de juros, o país precisa de investimentos na indústria nacional, defendeu Renildo Calheiros. O parlamentar ressaltou que, uma vez que os juros e os investimentos atingem diretamente a vida do povo, esses temas têm relação direta com o sucesso do governo e da democracia.
Renildo Calheiros falou aos estudantes que os movimentos populares, como a própria UNE, devem apoiar o governo Lula, mas com o objetivo de melhorá-lo. Não se pode deixar de ter em mente, porém, que as eleições presidenciais foram decididas com uma pequena vantagem sobre Bolsonaro, o que deixa o cenário para o governo Lula delicado.
O 59º Congresso da UNE está acontecendo no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB), com debates e plenárias até o domingo (16).
P. B.