Grupo árabe que comprou refinaria brasileira na Bahia queria manter preço do diesel nas alturas
Após tornar os preços dos combustíveis na Bahia os mais caros do país, a Acelen do fundo de investimento árabe Mubadala, que controla a ex-Refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás, afirma ter de exportar diesel por não conseguir concorrer com a petroleira estatal no mercado brasileiro.
A Acelen reclama da nova política de preços da estatal, em vigor em maio deste ano, que extinguiu com a paridade de preços de importação (PPI), prática na empresa desde 2017, que fez com que os preços dos combustíveis encarecerem no mercado interno.
Além disso, os árabes exigem que a Petrobrás venda petróleo mais barato para eles. A Acelen busca reverter essas situações em seu favor via Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Refinaria Rlam, renomeada de Mataripe, foi vendida pelo governo Bolsonaro no final de 2021. Com a privatização, Bolsonaro não apenas entregou o monopólio do refino para o fundo árabe Mubadala, mas também a capacidade de regular os mercados regionais, o que descambou nos aumentos dos preços dos combustíveis na Bahia e das demais regiões atendidas pela refinaria, segundo apontam estudos do Observatório Social do Petróleo (OSP).
No final de maio, a Acelen entrou com uma representação no Cade contra a Petrobrás, alegando que busca ter as mesmas condições de compra de petróleo bruto que as refinarias da petroleira.
A empresa do fundo árabe Mubadala disse, ainda, que a nova estratégia comercial da Petrobrás, que abandona o PPI como referência, agrava a situação de Mataripe, em razão das “incertezas”.
Com a extinção do PPI em maio, a Petrobrás vem realizando cortes nos preços dos combustíveis vendidos por suas refinarias às distribuidoras, que tem beneficiado os consumidores. Em resposta às críticas, a direção da Petrobrás destacou que não vende petróleo para as suas refinarias, apenas transfere o petróleo de suas unidades de produção e aloca em suas unidades de refino.
“Estas alocações são realizadas de acordo com um planejamento integrado que leva em consideração parâmetros de mercado”, diz trecho do comunicado. No que se refere a Refinaria de Mataripe, a gestão da estatal afirmou que os ativos da Acelen superam US$ 276 bilhões, e que a empresa é livre para comprar petróleo da Petrobrás, de outros produtores de petróleo no Brasil, ou importar petróleo.
De acordo com a estatal, a produção de petróleo no Brasil supera 3 milhões de barris por dia, contando com cerca de 60 produtores de petróleo. “Excluindo a Petrobrás, os demais produtores de petróleo já produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, volume que supera em mais de duas vezes a capacidade de processamento de todos os refinadores independentes combinados”, explicou.
Também foi contestada pelos executivos da petroleira, a informação divulgada de que a estatal responde por 93% da comercialização de petróleo. Segundo a direção da estatal, a empresa hoje responde por cerca de 41% do volume de óleo disponível para comercialização no país.
Sobre um possível aumento no preço do petróleo, a direção da estatal afirmou que “se observa nesse momento um aumento da volatilidade do mercado”, e que tem como premissa a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados nacional e internacional. “A Petrobras segue monitorando o mercado, e não antecipa as suas decisões de preços”, afirmou.