DENOY DE OLIVEIRA
A Mostra Internacional de Cinema domina o panorama.
“Não Matarás”, do polonês Krzysztof Kieslowski, produção de 87, é obrigatório. Kieslowski está na Mostra com outros dois filmes: “Não Amarás” e “Dekalog”, que pode ser visto domingo no MIS.
Rudolf Thome, da Alemanha Ocidental, é o diretor de “O Filósofo”, outro filme importante da Mostra. “Esther Delirium” (Alemanha Ocidental/88) tem uma estória instigante e foi rodado em vídeo com transcrição para película.
Na programação paralela da Sala Cinemateca, filmes imperdíveis como “Hiroshima Mon Amour” (França/59), de Alain Resnais, um dos instantes mais dolorosos da história do cinema.
Ainda no panorama da Mostra, o MIS tem hoje, sábado, “O Cinema No País Do Apartheid”, filmes realizados na África do Sul, libelos contra o racismo como “The Stick” de Darrell Roodt.
Fora da Mostra, uma curiosidade: “Apenas Um Coração Solitário”, (EUA/44), de Clifford Odets, mais conhecido como dramaturgo e roteirista. No elenco, Cary Grant e Ethel Barrymore. No Cineclube Bixiga.
No Oscarito, prossegue a sequência de filmes com os Beatles. “Um Beatle No Paraíso”(EUA/70) está no programa.
Entre as raridades, “O Morro Dos Ventos Uivantes” (EUA/39), de William Wyler, comemorando cinqüenta anos de existência. Os atores são os célebres Laurence Olivier, Merle Oberon e Olívia de Havilland.
Ainda continuam as opções de “Pelle O Conquistador” e “Minha Vida De Cachorro”, filmes que venho insistentemente sugerindo.
Mudança de qualidade
O mercado de vídeo pode vir a ser o grande orientador para as produções futuras. A multiplicação das fitas vendidas, o crescimento das locadoras, os aparelhos que proliferam e a proximidade de grandes lançamentos, tudo deve marcar profundamente a busca incessante pelo sucesso, pelo amor do público.
Recentes pesquisas são mais animadoras. O público andou privilegiando vídeos como “A Festa De Babette” e “Minha Vida De Cachorro”. O primeiro, dinamarquês, o segundo, sueco.
Mesmo entre os filmes nacionais, o público deu preferência ao “A Dama do cine Shangai”, de Guilherme de Almeida Prado, um dos filmes mais premiados do CB, sobre, por exemplo, “Super Xuxa Contra O Baixo Astral”, com toda a força da mídia Globo na parada.
Esses dados, recolhemos do “Jornal Do Vídeo”, que ainda aponta como gênero preferido do público as comédias seguidas pela ficção, infantil, drama, aventura, policial, suspense e musical. Isso entorta um pouco a aparência de que a violência é o prato cheio dos tarados do vídeo.
O público ainda preferiu “O Último Imperador”, de Bertolucci, e devemos levar em conta o seu sucesso no cinema. Isso nos faz caminhar os projetos cada vez mais para sua qualidade, para a intensidade de sua estória, conteúdo humano, etc.
Apesar das distorções normais de um mercado disputado a tapa por capas grotescas e chavões cabeludíssimos, essas pesquisas, seriamente estudadas, podem fornecer dados interessantes para compreendermos as populações que estão consumindo vídeo não só como lazer, mas como um intermediário entre o real e nossos desejos.