Lei do silêncio caiu. Os diretores do BC têm mandato e autonomia garantidos por lei, o que os deixa livres para falar com os jornalistas o que bem entenderem, dentro das regras legais
O “reizinho do BC”, neto do lastimável “lanterna na popa”, achou que podia decretar a lei do silêncio na instituição para seguir esfolando o país. Tentou proibir os demais diretores do Banco Central de se comunicarem com a imprensa. Ele queria manter o discurso de uma nota só dos juros altos para poder servir melhor a seus amos da banca.
Um documento interno que sugere que “assuntos afetos à comunicação com os órgãos de imprensa fiquem subordinados diretamente ao presidente do BC” circulou dentro do banco, segundo a colunista da Folha, Mônica Bergamo. O documento causou espécie internamente. O presidente do BC pretendia impor uma espécie de “lei da mordaça” em seus diretores.
O objetivo do “reizinho” era calar a voz do alvo principal da medida: Gabriel Galípolo, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, aprovado pelo Senado para o cargo de Diretor de Política Monetária do BC. Galípolo – e todo o Brasil – acha que já passou da hora de o BC baixar os juros e que a manutenção das taxas em níveis elevados poderá comprometer o crescimento do país de forma fatal.
Campos Neto quer passar a ideia de que seus juros lunáticos e criminosos são uma unanimidade dentro do BC. As discussões já estão acaloradas na instituição, assim como em todo o Brasil. O país está entrando em recessão e deflação e as fábricas estão fechando as portas. Era exatamente isso o que queria Campos Neto, mas o Brasil não quer aceitar a destruição de sua economia em prol dos bancos.
Galípolo já chegou a dizer que “não cabe a nenhum economista, por mais excelência que tenha, impor o que ele entende ser o destino econômico do país à revelia da vontade democrática”. Ele tem feito também declarações sobre índices econômicos e a legitimidade de Lula de criticar o Banco Central.
Os diretores do BC têm mandato, independência e autonomia garantidos por lei, o que os deixa livres para falar com os jornalistas que bem entenderem. A única regra a ser seguida pelos servidores da instituição é a aquela que proíbe os diretores de se manifestarem na semana que antecede a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que define as taxas de juros, e também na posterior. Os encontros acontecem a cada 45 dias.