O desembargador responsável por retirar das mãos do juiz federal Sérgio Moro, o inquérito contra o ex-governador Beto Richa (PSDB), tem uma filha com cargo comissionado no governo do Paraná.
A filha do desembargador Luiz Fernando Wowk Penteado, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Camila Penteado, filiada ao PSDB desde 2003, ocupa cargo de assessora da governadoria e possui um salário bruto de pouco mais de R$ 7 mil. Ela foi nomeada pelo próprio Beto Richa, em novembro de 2017, quando o mesmo ainda era governador do estado.
A liminar do desembargador suspendeu uma decisão da Justiça Eleitoral que determinava a devolução da investigação para a 13ª Vara Federal, do juiz Sergio Moro. De acordo com o inquérito policial, Richa é suspeito de cometer crimes em processos de licitação de rodovias.
A investigação começou com apuração de irregularidades na concorrência para a duplicação da PR-323. A licitação teve participação da empreiteira Odebrecht e há suspeita de favorecimento em um esquema que envolveria outras empresas e agentes públicos e privados, embora a empreiteira tenha desistido de executar a obra.
O desembargador Luiz Fernando Wowk Penteado atendeu a um pedido da defesa de Richa e manteve o processo na Zona Eleitoral 177 de Curitiba, na esfera da Justiça Eleitoral. O inquérito tramitava originalmente no Superior Tribunal de Justiça, mas foi remetido cargo para a primeira estância em abril, depois que Beto Richa renunciou ao de governador para se candidatar ao Senado.
Em junho, após uma determinação do STJ em recurso a defesa de Richa, Sérgio Moro encaminhou o processo para a Justiça Eleitoral. Na ocasião, ele afirmou que a suspeita não se tratava de mero caixa dois de campanha.
Neste mês, a juíza eleitoral Mayra Rocco Stainsack determinou a devolução do inquérito para Moro. Mas a nova decisão do desembargador do TRE mantém o caso na Justiça Eleitoral.
Em nota, Richa diz que é uma ilação relacionar a nomeação da filha do desembargador no governo do Paraná com o fato de o magistrado ter tirado o processo das mãos do juiz Sergio Moro. Para o tucano, se esse parâmetro fosse determinante, todos os familiares de pessoas com cargos em comissão, nomeados em todas as administrações públicas, seriam suspeitos.