
O presidente Lula afirmou, nesta terça-feira (25), que os decretos de liberação de armas editados por Jair Bolsonaro serviram “para agradar o crime organizado”.
No programa Conversa com o Presidente, transmitido ao vivo nas redes sociais de Lula, ele defendeu o fechamento dos clubes de tiro, mantendo abertos somente aqueles que são das Polícias Militar e Civil e do Exército.
“O decreto de liberação de armas que o presidente anterior fez era para agradar o crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro”, apontou Lula.
A Polícia Federal já deflagrou uma operação que prendeu pessoas com registro CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) que compravam armas a partir dos decretos de Jair Bolsonaro para revendê-las ao crime organizado.
Essas armas, de acordo com a PF, eram usadas em “crimes violentos, como roubos a comércios, bancos e até tomada de cidades”. Esses casos foram relatados em diversos Estados.
“Por que um cidadão quer uma pistola 9mm? O que ele vai fazer com essa arma? Coleção, brincar de dar tiro?”, questionou o presidente Lula.
Para ele, o “pobre e trabalhador não está conseguindo comprar comida ou o material escolar do seu filho. Como é que as pessoas que trabalham vão ter dinheiro para comprar fuzil, rifle, 10 ou 15 pistolas?”.
“As pessoas querem comprar carne, óleo, cebola. Querem comprar coisas para comer, escrever e livros. Não querem violência”.
Na transmissão ao vivo, o presidente contou que já conversou com Flávio Dino, ministro da Justiça, e defendeu que “temos que fechar quase todos e só deixar aberto aqueles que são da Polícia Militar, da Civil e do Exército”.
“É a organização policial que tem que ter lugar para treinar tiro, não a sociedade brasileira. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, ‘sifu’. Nós, não. Nós queremos preparar a democracia, fortalecer a democracia com mais participação da sociedade brasileira na política e na construção de coisas boas e positivas”, continuou.
Os decretos de Jair Bolsonaro aumentaram o número de armas e de munição que CACs poderiam comprar. Desde que assumiu a Presidência, Lula já fez alterações nos decretos restringindo o acesso e criando mecanismos de proteção para a sociedade.
Na sexta-feira (21), Lula assinou um decreto que diminui, por exemplo, de 30 para 6 armas o máximo que uma pessoa com licença de caçador pode ter. Com Bolsonaro, todos os “atiradores desportivos” podiam ter até 60 armas, mas agora há uma tabela com níveis, sendo que no último deles (quando a pessoa participa de seis competições por ano) há permissão para ter somente 16 armas.
O ministro Flávio Dino explicou que “é um decreto ponderado. Ouvimos todo mundo, secretários, parlamentares, entidades. E é um decreto equilibrado, que reduz o número de armas, faz com que armas de uso permitido passem a ser de uso exclusivo das forças de segurança e, também, limita a expansão irresponsável dos clubes de tiros”.
“Estamos encerrando um capítulo trágico, de trevas na vida brasileira”. Com o decreto, Lula “põe fim, definitivamente, ao armamentismo irresponsável que o extremismo político semeou nos lares brasileiros. Armas nas mãos certas e não armas nas mãos das pessoas que perpetram feminicídio”, completou Dino.
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem mobilizado seus apoiadores para não cumprirem as novas regras sobre armamento. Em suas redes sociais, ele publicou uma imagem dizendo “entregue sua arma, os vagabundos agradecem”.
Em evento, Bolsonaro admitiu que “armei o máximo possível o meu povo”.
Seu exemplo foi seguido pelo terrorista George Washington, preso e condenado por tentar explodir um caminhão com combustível em Brasília, buscando um golpe de estado.
George Washington tinha registro CAC e viajou do Pará, onde morava, para Brasília com um fuzil, duas espingardas, dois revólveres, três pistolas e 3 mil cartuchos de diferentes calibres.
Em uma carta, o terrorista citou a frase muitas vezes repetida por Jair Bolsonaro: “o povo armado jamais será escravisado [sic]”.
No acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército, onde se reuniu e combinou o atentado terrorista, que foi colocado em prática no dia 24 de dezembro de 2022 mas falhou por incompetência dos criminosos, George Washington vendia armas para seus colegas.
Mensagens obtidas pela Polícia Civil do Distrito Federal mostram que em novembro ele estava negociando ilegalmente uma carabina e uma pistola com outros dois bolsonaristas. George Washington disse que fazia o melhor preço da região.
Um de seus “clientes” disse que queria uma carabina .357 para se preparar para a guerra civil que aconteceria caso “roubassem a eleição do Bolsonaro”.