“Há expectativa de queda da taxa de juros e de novos instrumentos de financiamentos que acelerem investimentos”, declarou Mercadante
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) planeja financiar este ano R$ 50 bilhões em projetos – soma que corresponde ao dobro do que foi desembolsado pela instituição financeira em 2022.
“Trouxemos um pouco a nossa carteira de projetos, que está muito forte. Tivemos crescimento de 207% em novos projetos que deram ingresso no BNDES. E nesse ano a perspectiva é financiar R$ 50 bilhões, o dobro do ano passado”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente do banco de fomento, na segunda-feira (24), após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
De acordo com Mercadante, o BNDES “está muito forte”, mas precisa ainda de novos instrumentos de financiamento para atender às políticas públicas em elaboração pelo governo. “Existe uma pressão forte por investimentos, há uma grande motivação para investimento nesse novo ambiente, há expectativa de queda da taxa de juros e de novos instrumentos de financiamentos que acelerem investimentos”, declarou Mercadante.
Para contrapor o quadro usurário, que o Banco Central (BC) impõe ao setor produtivo brasileiro, ao estabelecer uma taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano, Mercadante tem proposto mudanças nas taxas de juros que são utilizadas nos empréstimos concedidos pelo banco, na busca de elevar os investimentos e retomar a reindustrialização do país.
Nesta segunda, ele anunciou que, em breve, o banco concederá financiamentos à inovação e à digitalização atrelados à Taxa Referencial (TR), que totalizará no máximo 3% ao ano. “Isso deve contribuir para acelerar os investimentos da indústria”, declarou.
A troca da Taxa de Longo Prazo (TLP), principal indexador do BNDES, mas que torna o crédito mais caro por seguir a mesma lógica dos bancos privados, pela TR (Taxa de Referência), uma taxa mais acessível ao empresariado, ainda não está sendo executada pelo BNDES porque o Conselho Monetário Nacional (CMN) não definiu os critérios para que as empresas e entidades possam ter acesso aos recursos, após o Congresso Nacional ter aprovado a norma e o presidente Lula tê-la sancionada em maio deste ano.
O CMN é composto pelo presidente do BC, Roberto Campos, e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Planejamento, Simone Tebet (MDB).
FAT
O presidente do BNDES também criticou o rombo nas contas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), acarretado pela “reforma” da Previdência do governo Bolsonaro, em vigor desde 2019, que permitiu que parte da arrecadação com as contribuições para o PIS/Pasep, principal fonte do FAT, seja usada para honrar os benefícios da Previdência Social.
Estabelecido constitucionalmente, o FAT é uma das principais fontes de recursos do BNDES. Pelas estimativas do governo, o Fundo deve encerrar o ano com déficit de R$ 4,3 bilhões, mesmo recebendo aporte de R$ 1,7 bilhão do Tesouro. “A equação do FAT tem de passar pelo Congresso Nacional. O FAT não foi concebido para financiar a Previdência Social”, criticou Mercadante.