“Não há defasagem nenhuma. Petrobrás pode baixar ainda mais os preços”, diz Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores. “Acabar com a paridade de importação foi a melhor medida econômica do atual governo até o momento”, acrescenta
O Brasil tem assistido recentemente a uma orquestração contra a Petrobrás e pela volta da política de preços abusivos dos combustíveis, praticada durante os governos Temer e Bolsonaro. Esta política extorquiu os brasileiros e foi um dos fatores fundamentais da alta inflacionária. Querem a volta da paridade de preços de importação – que joga os preços para cima – alegando “defasagem” dos preços internos em relação aos preços internacionais.
O economista Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), explicou didaticamente que não há perda nenhuma da Petrobrás ao praticar preços baseados em seus custos de produção. Ele diz que esta orquestração é feita pelo cartel dos importadores e acionistas da empresa, que se beneficiaram com a política de obrigar a Petrobrás a cobrar preços baseados nos custos de importação. Essa política asfixiou os brasileiros e garantiu o superlucro a poucos.
“Tem muita matéria paga fazendo propaganda contra o fim da PPI, inventando que Petrobrás está em risco etc. É uma grande mentira”, alertou o especialista. “O fato é que a Petrobrás pode baixar ainda os preços, substancialmente, e ainda assim manter sua lucratividade”, acrescentou. “Vender a preços inferiores à paridade internacional é muito diferente de “subsidiar combustíveis”, destacou o economista.
Aurélio Valporto deixou claro que a Petrobrás não está subsidiando os derivados de petróleo. “Ela subsidia combustível quando vende abaixo de seu preço de custo, considerando preço de custo aquele que remunera o capital próprio a par da Selic. E isso está muito longe de acontecer”, explicou o presidente da Abradin.
Segundo o economista, o Brasil “é virtualmente autossuficiente no refino de gasolina, a necessidade de importação é marginal. O problema maior é o Diesel”. “E somente não é autossuficiente no refino de todos os derivados porque a Petrobrás abandonou os investimentos necessários nos últimos 7 anos”, denunciou.
Valporto lembrou que a empresa praticou preços abusivos e transformou “todo o ganho em mera distribuição de lucros”. “Centenas de bilhões de reais. Foi um assalto legalizado à economia brasileira”, apontou. Ele destacou, ainda, que essa política beneficiou os acionistas da Petrobrás, mas “lesou os acionistas de todas as empresas que não são do setor”.
“O Brasil precisa importar cerca de 25% do diesel que consome. Ocorre que os outros 75% são de produção inteiramente nacional. Então, apenas a título de exemplo, vamos supor que o Diesel refinado pela Petrobrás tenha o custo de produção de 1 Real e o importado de 2 reais. A conta a ser feita não é sobre o custo da parcela importada”, explicou.
“O Diesel não tem que ser vendido por 3 porque o custo do importado é 2, para ter uma margem bruta, nesse exemplo, de 50% sobre o custo. (É claro que estou usando números somente para facilitar o exemplo, não são reais). O custo dela seria 75% x o custo nacional (1 Real) + 25% x o custo importado (2 Reais), o que daria R$ 0,75 + R$ 0,50 = R$ 1,25. Então, para ter a margem teórica de 50% sobre seu custo, o preço de venda seria de R$ 1,875. Repare que é abaixo do preço do importado mas ainda assim garante uma margem de lucro bruto de 50% sobre seu custo”, assinalou o economista.
O Brasil, através do pré-sal, tem hoje um dos menores custos de produção do planeta, comparável ao da Rússia. E a gasolina, hoje, no Brasil é em média de US$ 1,15 o litro. Na Rússia é de US$ 0,59. Diesel hoje no Brasil, US$ 1,05, na Rússia é de US$ 0,65. (Verifique no site www.globalpetrolprices.com quanto custa a gasolina e o diesel na Rússia). Arábia Saudita: Gasolina US$ 0,62, Diesel US$ 0,20 e no Qatar: Gasolina US$ 0,57, Diesel US$ 0,56.
“E porque eles vendem internamente mais barato do que exportam? Se o setor foi todo privatizado? Porque a Rússia adota o imposto de exportação como regulador dos preços internos. No Brasil combustível está muito caro para um país autossuficiente em petróleo que precisa importar apenas pequena parcela dos refinados”, apontou.
“Na Rússia as empresas produtoras e refinadoras de petróleo estão todas tendo lucro. Dá uma olhada no balanço das gigantes, como a Lukoil”, disse Valporto. Ele lembrou que o Brasil é caso único entre os grandes exportadores de petróleo do mundo em que alguns indigentes intelectuais defendem a prática interna de preços ditados pelos preços internacionais.
O presidente da Abradin destacou que “acabar com a PPI foi a melhor medida econômica do atual governo até o momento. E está colhendo os frutos no resultado da Inflação e no nível de atividade econômica, que estaria bem pior se política de preços da Petrobrás não tivesse sido alterada”.