“Ao mesmo tempo em que demite, [a empresa] resolveu beneficiar os seus dirigentes que passaram a receber pelo menos 300 vezes mais. Encontraram dinheiro para [se] beneficiarem, mas não encontraram para manter o trabalhador”, declarou Plínio Valério (PSDB-AM)
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) denunciou que a privatização da Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás, causou a demissão de trabalhadores e o sucateamento do serviço, enquanto o salário dos dirigentes foi o único que cresceu.
Em discurso feito na terça-feira (1), o senador contou sobre um incêndio que aconteceu na Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, por conta da falta de técnicos e de manutenção.
A hidrelétrica é gerida pela Eletronorte, privatizada em 2022 pelo governo de Jair Bolsonaro.
“Temos que registrar que desde a privatização da Eletronorte tornaram-se costumeiras as demissões de técnicos da empresa, significando na prática que as manutenções periódicas acabam sendo suspensas, e é aí que mora o perigo da demissão em massa, da demissão do critério”
O incêndio na Usina, ocorrido no domingo (30), é símbolo do sucateamento e da demissão em massa pela qual tem passado a Eletronorte desde que foi privatizada.
“Temos que registrar que desde a privatização da Eletronorte tornaram-se costumeiras as demissões de técnicos da empresa, significando na prática que as manutenções periódicas acabam sendo suspensas, e é aí que mora o perigo da demissão em massa, da demissão do critério”, afirmou.
O incêndio teria ocorrido pela explosão de um transformador e teve que ser contido por uma equipe de segurança.
“As imagens mostram, porém, que não se tratou de um incidente pequeno. A Eletronorte evitou manifestar-se sobre o mais relevante problema de manutenção. Esses problemas colocam em risco e se repetem os acidentes graves, como o que acabamos de presenciar”, continuou o parlamentar.
“Para que não haja outros incidentes e acidentes dessa natureza, façamos aqui mais um alerta: que a empresa que privatizou veja, reveja, analise esse seu esquema de demissão em massa”, acrescentou o senador de Amazonas.
Ele enfatizou que as consequências da política de “demissão em massa sem critério” já começaram a chegar.
“Ao mesmo tempo em que demite, [a empresa] resolveu beneficiar os seus dirigentes. Cada dirigente passou a receber pelo menos 300 vezes mais do que recebia. Eles encontraram dinheiro para [se] beneficiarem, mas não encontraram dinheiro para manter o trabalhador, e essas coisas vão acontecer. A hidroelétrica de Tucuruí é muito importante para todos nós da Região Norte e para o Brasil como um todo”, disse.
“Não posso daqui atestar e dizer que foi em função da demissão esse incêndio ocorrido, mas é muita coincidência quando se dispensam engenheiros, técnicos e a manutenção não é feita de forma periódica”, apontou.
“O fato em si é alarmante, por conta do risco trazido à região, aos moradores e áreas vizinhas, e ainda ao fornecimento, é claro, de energia elétrica”.
A privatização, que tirou o Estado brasileiro do controle da Eletrobrás, apesar de ser o maior acionista, tem sido criticada por outros senadores.
É o caso de Zenaide Maia (PSD-RN), que alertou que com a venda da estatal o Brasil perde sua soberania energética. Além disso, foram vendidas as hidrelétricas, tirando do país a “autonomia administrativa do curso dos nossos rios”.