A produção de veículos caiu 16,4% em julho na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo um total de 183 mil unidades entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Na comparação com o mês de junho do ano passado, a queda foi de 3,3%, segundo balanço divulgado na segunda-feira (7) pela Anfavea, associação que representa o setor
Com fábricas paradas, em férias coletivas, lay-offs e outros expedientes, diante da queda da demanda e os juros elevados ao consumidor, os pátios ficaram lotados e, durante o primeiro semestre, a situação se agravou com a paralisação em 15 fábricas das montadoras, inclusive com demissões.
O número de trabalhadores empregados em julho foi de 99.600. Menos 2,45% do que os registrados em janeiro e 7,18% menor do melhor número dos últimos quatro anos, em fevereiro de 2020. Também é um número de trabalhadores menor do que a indústria empregou durante toda pandemia da Covid.
A produção de veículos leves caiu 3% na comparação mensal e 14,1% na interanual. A de caminhões veio com indicadores ainda mais negativos, com um redução de 4% na comparação com o mês anterior e desabou 47% em relação ao mesmo período do ano passado. Quanto à produção de ônibus, julho sobre junho deste ano ocorreu um recuo de 2,4% e em relação ao mês de julho de 2022, a queda foi de 39,2%.
Produzir menos foi uma decisão da indústria, visto que a ajuda do governo, com a isenção fiscal concedida para as montadoras, só poderia, como de fato aconteceu, reduzir os estoques elevados nos pátios das montadoras e não foi pouco. Coisa da ordem de 250 mil para 200 mil veículos.
A isenção dos impostos federais concedido pelo governo ao setor, através da Medida Provisória (MP) 1.175/23, obteve bons os resultados na avaliação da entidade. Na comparação com o mês de junho, o crescimento foi de 19%. E em relação a julho de 2022, com 24% de alta. Com 225,6 mil autoveículos licenciados, este foi o melhor julho desde 2019. Números atípicos e restritos aos efeitos da vigência da MP 1.175/23.
Da verba prevista de R$ 1,8 bilhão de isenções o segmento automotivo esgotou em mês mais de R$ 800 milhões. A MP foi prorrogada pelo presidente do Congresso por mais 60 dias de forma a permitir que também nos segmentos de ônibus e caminhões se ampliem as vendas e os estoques sejam reduzidos, o que até então não aconteceu.
Encerradas as vantagens oferecidas pela MP, as dificuldades da indústria de autoveículos voltam onde estavam antes. Os preços dos veículos continuam muito altos e a indústria parece preferir não vender do que reduzir a sua lucratividade.
O entrave do crédito continua e é vital no mercado de veículos. A nova Selic mantém no torniquete a disponibilidade crédito, pelo custo e pela restrição de acesso.
Todas as demais taxas de juros têm referência nela e na brutal variação de 562% que ela mantém. Dos 2% a.a. em março de 2021 até atuais os 13,25% a.a., que escalou coisas como a anomalia dos juros dos cartões de crédito irem além dos 450% ao ano.
As taxas dos financiamentos de veículos superam hoje os 30% ao ano, algo como 2,21% ao mês. O crédito aos veículos são, via de regra, amarrados a alienação fiduciária, ou seja, a financeira fica com o carro de garantia no caso de inadimplência. Houve períodos onde foi possível contratar a juros menores de 1% ao mês.