O ex-presidente Jair Bolsonaro se recusou a responder se ainda está com as pedras preciosas que recebeu de presente durante as eleições de 2022.
O caso foi denunciado por parlamentares da CPMI do Golpe ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na segunda-feira (7), Bolsonaro comentou o caso que veio à tona com uma denúncia feita pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na Comissão, mas não respondeu a todas as perguntas.
Ele disse apenas que as pedras “valem R$ 400” e estão “em algum lugar”, mas não mostrou nenhuma foto ou registro do “presente” que recebeu durante as eleições. Bolsonaro também não quis responder se ainda está com as pedras.
“A própria pessoa que me presenteou, não conheço ela, um advogado, disse que as pedras que ele comprou valem 400 reais. Está em algum lugar. Ninguém vai sumir com um negócio de 400. Pode até ter sido extraviado”, falou.
Em e-mails trocados em outubro de 2022, quando Bolsonaro disputava o segundo turno das eleições presidenciais, um de seus ajudantes de ordem, Cleiton Holzschuk, disse em e-mail que um “envelope contendo pedras preciosas” para Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, estava “guardado no cofre grande”.
Holzschuk disse ainda que, “a pedido do TC [tenente-coronel Mauro] Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele. Demais dúvidas, Sgt [sargento] Furriel está ciente do assunto”.
Mauro Cid era o chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro e está preso desde maio por fraudar cartões de vacinação para familiares dele e do ex-presidente.
Outros documentos obtidos pela CPMI do golpe mostram que Mauro Cid estava tentando vender um relógio da marca Rolex “cravejado de platina e diamante” por R$ 300 mil. O relógio, no entanto, foi dado de “presente” pela família real da Arábia Saudita.
Tentando tapar o sol com uma peneira, Bolsonaro disse que não vê “nenhuma maldade em você cotar o preço de alguma coisa”. Para o ex-presidente, é até “natural” a ação de seu subordinado.
Agentes públicos, em especial o presidente da República, não pode receber e se apropriar de presentes que não sejam de caráter “personalíssimo” e de pouco valor.
No caso de um relógio de valor superior a R$ 300 mil, Mauro Cid deveria tê-lo registrado no acervo público da Presidência. Em um ato criminoso, Cid não o registrou e ainda tentou fazer o relógio virar dinheiro.
Jair Bolsonaro também recebeu e escondeu pelo menos três pacotes de joias vindas da Arábia Saudita. Quando os objetos de luxo entraram no país, ele não declarou para a Receita Federal.
Para recuperar um pacote que foi apreendido pela alfândega, Jair e Mauro Cid mobilizaram funcionários da Ajudância de Ordens e o ex-chefe da Receita, Júlio César Vieira Gomes, para que o “presente” fosse liberado sem o pagamento obrigatório de impostos.