A esposa de Jair Bolsonaro, Michelle, recebeu R$ 60 mil em 45 depósitos feitos por Mauro Cid e outros ajudantes de ordens que estavam no gabinete de seu marido, mostram documentos obtidos pela CPMI do Golpe.
Os assessores e ajudantes de ordem de Jair Bolsonaro fizeram 45 depósitos em 11 dias diferentes, entre janeiro e dezembro de 2022, tendo como única beneficiada Michelle Bolsonaro. Os documentos foram obtidos pelo site Metrópoles.
Esses depósitos se somam aos casos em que Michelle Bolsonaro era beneficiada com entregas de dinheiro vivo e tendo suas contas pagas por funcionários do Planalto.
No dia 6 de janeiro de 2022, Michelle Bolsonaro recebeu um depósito de R$ 6 mil.
Mais tarde, ainda no mesmo mês, foram realizados mais dois depósitos que, juntos, somam R$ 5 mil.
Em fevereiro, Michelle recebeu R$ 7,7 mil divididos em oito depósitos. Todos eles aconteceram por volta das 15h da tarde do dia 10 de fevereiro. As notas utilizadas no depósito eram todas de R$ 100.
Mais depósitos para a então primeira-dama aconteceram em março, mas somando R$ 7 mil.
No mês de abril, o montante depositado para a esposa de Jair subiu. Foram R$ 16,5 mil divididos em oito depósitos de R$ 1 mil, quatro de R$ 2 mil e um de R$ 500.
Em junho, Michelle recebeu R$ 4, 8 mil divididos em cinco depósitos. No mês seguinte, foram seis depósitos de R$ 1 mil, chegando a R$ 6 mil.
No mês de agosto, os ajudantes de ordem de Bolsonaro depositaram R$ 8 mil, divididos em quatro de R$ 1,5 mil e dois de R$ 1 mil.
Já no último mês como primeira-dama, Michelle Bolsonaro foi beneficiada por quatro depósitos que somam R$ 7 mil.
É comum que criminosos que queiram passar desapercebidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) evitem fazer depósitos com grandes valores. Assim, preferem fazer como fizeram os ajudantes de ordem de Bolsonaro: diversos depósitos com valores pequenos.
No começo do ano, documentos e testemunhos indicaram que Michelle Bolsonaro recebia entregas de dinheiro vivo vindo de uma amiga, Rosemary Cardoso Cordeiro, que tinha cargo no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA), que não conseguiu reeleição.
Um funcionário do Planalto falou que as “encomendas” eram buscadas no Congresso Nacional e na casa de “Rosi”, em Riacho Fundo (DF). Michelle “pegava dinheiro para pagar as contas mensais que se tinha, [para] as contas particulares que era pego essa quantia”, disse o funcionário.
A prática de “rachadinha” é velha conhecida da família Bolsonaro. Existem indícios de que tanto Jair quanto seus filhos se apropriaram de parte dos salários de seus assessores.
Jair Bolsonaro indicou para seu gabinete na Câmara dos Deputados, entre 2003 e 2018, a “Wal do Açaí”, que nunca esteve em Brasília e não tinha nenhuma função.
Ao mesmo tempo, ela exercia serviços na casa do então deputado. O Ministério Público Federal (MPF) apontou que Wal sacava 83% de seu salário.