O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso na manhã desta quarta-feira (9), pela Polícia Federal por uso ilegal da corporação para interferir no segundo turno das eleições presidenciais.
Vasques, que até pediu voto para Jair Bolsonaro nas redes sociais, trabalhou para que a PRF impedisse, com blitz e outras ações nas estradas, eleitores da região Nordeste de chegarem em seus locais de votação, no dia em que foi realizado o segundo turno do pleito.
Ele foi preso em Santa Catarina no âmbito da Operação Constituição Cidadã. A Polícia Federal ainda cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte.
As ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Corregedoria-Geral da PRF ainda ouvirá, ainda nesta quarta-feira, 47 policiais rodoviários federais sobre o caso das blitz ilegais.
Em nota, a PF aponta que o planejamento das blitze e outras ações da PRF direcionadas “à região Nordeste do país” no segundo turno começaram no início de outubro.
Silvinei Vasques e outros agentes da PRF “teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30/10/2022”.
“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato, do Código Eleitoral Brasileiro”, continua a PF.
Para tentar ajudar seu candidato, Jair Bolsonaro, Silvinei Vasques coordenou uma operação que “fiscalizou” mais de 2 mil ônibus no Nordeste no dia do segundo turno. Na região Sudeste, que é muito mais populosa, foram cerca de 500 ônibus fiscalizados.
As operações só foram interrompidas durante o dia 30 de outubro por ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com o jornalista Valdo Cruz, do site G1, a Polícia Federal encontrou no celular de agentes da PRF um mapeamento com os locais onde Lula obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições.
Além disso, “a PF também localizou conversas tratando de uma reunião da cúpula da PRF, na qual Silvinei Vasques teria determinado um ‘policiamento direcionado’ no dia do segundo turno nas cidades do Nordeste onde Lula teve mais de 75% dos votos no primeiro turno”, apurou o jornalista.
No depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe, que acontece no Congresso Nacional, Silvinei Vasques negou – com mentiras – todas as acusações e disse que as operações da PRF no segundo turno aconteceram na mais perfeita normalidade.
A relatora da Comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que Vasques “mentiu de uma forma escancarada em várias linhas”.
Para ela, com a prisão do ex-diretor-geral da PRF e com o avanço das investigações, “está clara a necessidade de reconvocação”.
CORRUPÇÃO DOS “CAVEIRÕES”
O Ministério Público está investigando a compra de “caveirões”, veículos blindados para operações especiais, pela PRF do Rio de Janeiro quando Silvinei Vasques era superintendente regional.
A compra, cujo valor pode ser superior a R$ 100 milhões, resultou em 12 caveirões e 51 “caveirinhas”. Até 2018, a PRF nunca teve um desses veículos.
O MPF encontrou diversos desses blindados largados no estacionamento da PRF do Rio de Janeiro sem que nunca tenham sido usados.
O Ministério Público ainda aponta que os blindados não são adequados para as ações da PRF, cuja função constitucional é fiscalizar as rodovias federais.
A PRF comprou os blindados da empresa dos EUA Combat Armor, que tem como dono Daniel Beck, um apoiador do ex-presidente Donald Trump que participou da tentativa de golpe do dia 6 de janeiro de 2021.
Nota da PF sobre a operação:
PF deflagra Operação Constituição Cidadã para apurar possível interferência nas Eleições 2022
A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (9/8), a Operação Constituição Cidadã, com o objetivo de esclarecer o suposto uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral relativo ao segundo turno das Eleições Presidenciais de 2022.
De acordo com as investigações, integrantes da Polícia Rodoviária Federal teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30/10/2022.
Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do país.
Policiais federais cumprem 10 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. A operação conta com o apoio da Corregedoria Geral da PRF, que determinou ainda a oitiva de 47 policiais rodoviários federais.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato, do Código Eleitoral Brasileiro.
O nome da “Operação Constituição Cidadã” é uma referência à Lei Maior do Brasil, promulgada em 1988, a qual, pela primeira vez na história do país, garantiu a todos os cidadãos o direito ao voto, maior representação da Democracia.
Locais dos cumprimentos das medidas:
1 Mandados de Prisão Preventiva em SC
2 Mandados de Busca e Apreensão em SC
2 Mandados de Busca e Apreensão no RS
5 Mandados de Busca e Apreensão no DF
1 Mandado de Busca e Apreensão no RN