Mais uma tradicional empresa do varejo é vítima dos altos juros do BC, inibindo a demanda e o crédito. No segundo trimestre de 2023 Via, dona também do Ponto (ex-Ponto Frio) e do Extra.com, apresentou prejuízo líquido de R$ 492 milhões
A Via, dona das Casas Bahia, divulgou na quinta-feira (10) a decisão de fechar até 100 lojas da rede e a demissão de 6.000 funcionários até o final do ano. A informação foi divulgada no relatório de resultados da companhia. A holding anunciou ainda, que planeja reduzir em até 40% os seus de investimentos. Além das Casas Bahia, também fazem parte da Via a Ponto (ex-Ponto Frio) e o Extra.com.
Em paralelo a estas medidas de grande impacto negativo para os negócios e para economia em geral, a empresa quer trabalhar com níveis de estoques menores e pretender reduzir o capital de giro comprometido com ele em até R$ 1 bilhão, também até dezembro de 2023.
E, ainda, ao invés de antecipar valores relativos às contas a receber da empresa, como recebíveis de cartões de crédito, junto aos bancos, a companhia pretende abrir uma carteira de crediário no mercado de capitais com o objetivo de conseguir taxas de juros menores das que são cobradas pelos bancos na antecipação de contas a receber.
As razões para esse brutal freio de arrumação, está no mesmo contexto de dezenas de outras varejistas, e outras tantas empresas de vários ramos, cujas ações imediatas, e até decisões estratégicas, estão sendo revistas diante da economia em frangalhos que a política monetária do Banco Central (BC) provocou nos últimos anos.
Depois de dois anos de juros crescentes, com os últimos 12 meses de taxa Selic em 13,75% ao ano é o que temos. Aliás, com pesos pesados dos negócios entrando com pedidos de Recuperação Judicial e mesmo entrando em falência. Um quadro de destruição.
Acrescente-se, ou por causa dessa barafunda, a inadimplência das famílias, a paralisia da indústria, do comércio e serviços, tropeçando nas pernas, com níveis de operação que mal atingem o período pré pandemia.
Não satisfeitos pelos estragos já feitos, o Sr. Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, ainda foi ao Senado na quinta-feira (10) anunciar a pretensão de acabar com o crédito, incluindo nesse sinistro propósito derrubar a única linha de crédito que ainda dá um folego às famílias, ou seja, as compras parceladas sem juros.
O estrangulamento pelo lado das taxas continua. A redução em 0,5 ponto percentual anunciado pelo Copom, que o Sr. Campos Neto também preside, é de efeito prático nenhum ou residual. O anúncio pela ata depois da reunião de reduções no mesmo 0,5 p.p. continua agravando a situação. Continuaremos com as taxas de juros reais mais altas entre todos os países do mundo, uma sangria desenfreada.
O que estão fazendo as Casas Bahia, as Lojas Marisa, o grupo Cassino, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), a TokStok , entre tantas outras, através de suas reprogramações ou as empresas em Recuperações Judiciais aumentando por aí, todas encolhendo, demitindo, em retração, se ancorando com medo do que vem pela frente, sabe-se lá em que grau da escala Richter.
J.AMARO