A Polícia Federal afirmou que Jair Bolsonaro agiu “em conluio” com seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e outros assessores para vender ilegalmente objetos de luxo que deveriam ser da Presidência da República.
A PF já pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, além de depoimentos dos dois sobre o caso.
Um trecho do relatório da PF diz que Bolsonaro, junto com os demais criminosos, atuou com o “objetivo de escamotear, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícitas dos bens no exterior”.
Leia a íntegra do relatório da PF
A corporação apontou “fortes indícios de desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao Presidente da República ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes”.
Todo o esquema criminoso foi organizado para que o ex-presidente Jair Bolsonaro enchesse o bolso de dinheiro vindo da venda de objetos que deveriam ser incorporados ao acervo público da Presidência da República, relatou a PF.
Os objetos foram dados para o Brasil por países como a Arábia Saudita e Bahrein e, por serem de alto valor, pertenciam ao Estado brasileiro, em vez de serem alienados como peças particulares.
Bolsonaro, no entanto, levou os relógios, colares, anéis, estátuas e outras peças para os Estados Unidos em dezembro de 2022 e usou seus assessores para vendê-los em lojas especializadas em artigos de luxo.
Os objetos foram levados para o exterior no avião presidencial, indicam as provas colhidas pela Polícia Federal.
O chefe da Ajudância de Ordens, Mauro Cid, combinou com seu pai, o general Mauro Lourena Cid, que tem casa na região de Miami, na Florida, para que buscasse e vendesse parte das joias.
Conversas obtidas pela investigação confirmam a existência da organização criminosa, tendo Mauro Lourena Cid “como o responsável por receber, em nome e em benefício de Jair Bolsonaro, os recursos decorrentes da venda dos bens desviados”.
Lourena Cid estava com US$ 25 mil, o equivalente a R$ 125 mil, que deveriam ser entregues para o ex-presidente.
O relatório produzido pela PF, que serviu como base para operações de busca e apreensão em endereços ligados ao ajudante de ordens Mauro Cid, detalha o funcionamento da organização criminosa e destaca o objetivo do grupo: beneficiar Jair Bolsonaro.
Alguns dos objetos levados para os Estados Unidos foram efetivamente vendidos pelos assessores de Bolsonaro. No entanto, com a ordem do Tribunal de Contas da União (TCU) de que eles deveriam ser devolvidos para o acervo, o grupo criminoso teve que correr para “recomprar” as peças.
Como destacou a PF, quando o presidente da República se apropria de objetos de alto valor que são dados de presente por outros países, abre-se “a possibilidade de cooptação do chefe de Estado brasileiro, por nações estrangeiras, mediante o recebimento de bens de vultosos valores”.
Há ainda o caso de um outro “presente” de país estrangeiro que, segundo falou um assessor de Bolsonaro nas conversas obtidas pela PF, “sumiu” com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
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