“A Petrobrás tem interesse em investir na reativação da ANSA por conta da sinergia da unidade com a Repar. Além de reduzir a dependência do país em relação à importação do produto, com a operação, vamos gerar emprego e renda”, declarou o presidente da estatal
A reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), localizada em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, no Paraná, está em fase final de estudos, afirmou o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, em visita à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e à Araucária Nitrogenados (ANSA), unidades da companhia no estado, na segunda-feira (14).
De acordo com Prates, o setor de fertilizantes tem importância estratégica para a Petrobrás e para o país: “O Brasil é um grande produtor de commodities agropecuárias, porém, dependente de fertilizantes de origem estrangeira. Esse mercado vem enfrentando muitos desafios no mundo todo. A Petrobrás tem interesse em investir na reativação da ANSA por conta da sinergia da unidade com a Repar. Além de reduzir a dependência do país em relação à importação do produto, com a operação, vamos gerar emprego e renda”.
A fábrica em Araucária foi desativada em 2020 pelo governo Bolsonaro. Um tiro no pé anunciado diante da evidente necessidade do país em aumentar sua produção de fertilizantes ao invés de aumentar a dependência da importação dos insumos, agravada com as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia na guerra da Ucrânia.
Hoje, o Brasil importa quase 75% dos fertilizantes nitrogenados necessários para atender a demanda interna, além de importar 90% de potássio e 24% de fosfato, assim como 98% de nitrato de amônio, os dois últimos da Rússia.
Após investimentos e adequações para atender às normas regulatórias, a unidade poderá voltar a operar já no primeiro semestre de 2024.
A declaração do presidente da Petrobrás deu-se durante a visita à Refinaria Getúlio Vargas (REPAR) e à ANSA. Estiveram presentes, representantes da diretoria da empresa, a deputada federal Gleisi Hoffmann e os deputados federais Zeca Dirceu, Tião Medeiros, e Geraldo Mendes, entre outras lideranças políticas estaduais e federais, além de representantes sindicais.
“Depois de anos de retrocessos e muita luta junto com os trabalhadores, a Fafen deve voltar a operar”, comemorou Gleisi Hoffmann no Twitter. “Isso é muito importante para a nossa agricultura e para a segurança econômica do Brasil, senão ficamos na dependência de importação. A agricultura é a base da nossa economia e nós precisamos ter produção de fertilizantes”, manifestou a deputada que acompanhava Prates durante a visita. “Se o estado não tiver refinaria, vamos pagar mais caro o refino de petróleo, vamos ter que importar mais petróleo e a gasolina”.
A ANSA tem capacidade de processar cerca de 1,9 mil toneladas por dia de ureia e 1,3 mil toneladas por dia de amônia, usadas na produção de fertilizantes agrícolas, além de outros setores. A grande sinergia entre a ANSA e REPAR está na matéria-prima usada pela primeira, com origem no resíduo asfáltico da segunda. Ambas localizadas na cidade de Araucária (PR).
Jean Paul Prates confirmou que a Petrobrás, com a Repar, permanece no Paraná. Afastando qualquer dúvida sobre uma alienação qualquer do polo de refino, que esteve nos planos nefastos da administração Castelo Branco/Bolsonaro e os presidente da companhia que o sucederam até a eleição do novo governo.
A Repar é referência em inovação e técnica, representa 14% das vendas da Petrobrás e o polo de Araucária é o segundo maior em faturamento da empresa.
O perfil de produção é de 49% diesel e 27% gasolina. Com isso, a Repar converte quase 80% do seu processamento em diesel e gasolina. Destaca-se que o principal gargalo no refino de combustíveis, neste e nos próximos anos, é exatamente no diesel, cuja elevada importação encarece o mix, com a produção interna, do produto na bomba.
Além disso, a Petrobrás prevê aumentar em 146% sua capacidade de produção de diesel com conteúdo renovável (Diesel R), após ter recebido autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para operar mais uma unidade de produção desse combustível na REPAR.