Relógio tinha sido dado para Bolsonaro. Foi vendido por Mauro Cid. Com o escândalo, foi recomprado por Wassef
Com a descoberta pela PF do recibo de compra do Rolex assinado por ele, Frederick Wassef foi obrigado a admitir que foi ele mesmo que fez a recompra do relógio vendido pelo “faz-tudo” de Bolsonaro, Mauro Cid, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) exigiu que a joia fosse devolvida ao Poder Público.
A versão inventada por Wassef para tentar livrar Jair Bolsonaro, no entanto, foi considerada pela Polícia Federal como “fantasiosa” e “hilária”. O achado do recibo da joalheria da Pensilvânia com seu nome é uma prova incontestável. Ele, que havia negado a compra teve que mudar a versão e disse que usou dinheiro próprio, que não seguia ordens de Bolsonaro, nem do ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid, e que devolveu o relógio para a União.
Segundo investigadores, o advogado do ex-presidente buscou, com essa narrativa, isentar seu cliente – mas a própria PF já tem provas indicando exatamente o contrário. A PF considera que, assim como o advogado foi obrigado a admitir a recompra do presente oficial, terá que dizer quem ordenou a transação. Isso, diante de novas provas que foram obtidas pela PF e outras que estão sendo colhidas.
Segundo a PF, Wassef sacou dinheiro vivo de sua conta em Miami e pagou pelo relógio. O valor foi de 49 mil dólares. A Polícia Federal avalia que será possível descobrir o caminho do dinheiro usado para reaver o relógio, ou seja, vai descobrir quem depositou o dinheiro na conta do advogado. A PF agora quer acessar o sigilo bancário de Wassef não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos.
A avaliação na PF – e também no Supremo Tribunal Federal, é que Bolsonaro e seu ex-ajudante Mauro Barbosa Cid não devem escapar de uma condenação no caso da venda dos presentes oficiais. Para os investigadores, os indícios apontam, sim, para trânsito de dinheiro de forma ilegal no Brasil e no exterior, indicando que toda essa operação foi realizada para beneficiar o ex-presidente.