O advogado Daniel Bialski deixou a defesa da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, por discordar do encaminhamento no caso das joias sauditas que foram desviadas. Além disso, a sua saída se deve também diante do surgimento de novas provas e da possibilidade de confissão do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.
Bialski acredita que a defesa de Michelle Bolsonaro deveria ocorrer em separado da de Jair Bolsonaro. O ex-presidente e seus advogados, por outro lado, queriam unificar a defesa do casal.
Em nota, Daniel Bialski disse que está deixando a defesa de Michelle Bolsonaro “justamente porque os advogados que atualmente representam o ex-presidente Jair Bolsonaro poderão e a representarão habilmente, daqui por diante neste caso”.
Ele ficou apenas oito dias na defesa de Michelle no caso das joias.
Michelle e Jair Bolsonaro estão sendo investigados por terem se apropriado ilegalmente de joias e objetos de luxo que foram dados de presente pela Arábia Saudita e por Bahrein. As joias foram levadas para os Estados Unidos e vendidas.
Por serem objetos de alto valor, os presentes deveriam ter sido incorporados ao acervo público da Presidência, ou seja, eram bens públicos.
A investigação obteve dezenas de mensagens trocadas entre o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, com outros assessores e com seu pai, Mauro Lourena Cid, que comprovam a existência de uma organização criminosa que vendeu secretamente os objetos de luxo em lojas especializadas nos Estados Unidos.
Em uma mensagem, um assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, relata que Michelle Bolsonaro já tinha “sumido” com um pacote de joias.
“O que já foi, já foi. (…) Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle; então pra não ter problema”, falou Câmara para Mauro Cid.
As mensagens foram trocadas no contexto de uma “operação resgate” das joias que tinham sido vendidas, mas que o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que fossem entregues ao Estado brasileiro.
Segundo a Polícia Federal, “as mensagens revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que ‘sumiu um que foi com a dona Michelle’”.
De acordo com o advogado de Mauro Cid, ele estava apenas cumprindo sua função, ou seja, executar as ordens de Jair Bolsonaro.
No dia 31 de agosto, Michelle e Jair Bolsonaro terão que prestar depoimentos simultaneamente sobre as joias. A simultaneidade é usada para afastar a possibilidade do casal combinar uma versão para o caso.
Na avaliação daqueles que apoiam a separação da defesa de Michelle e Jair, a junção da defesa pode trazer para a ex-primeira-dama mais prejuízos políticos, já que ela não conseguiria se blindar de algumas situações.
Michelle Bolsonaro pode concorrer nas próximas eleições. Bolsonaro, porém, está inelegível até 2030 por condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).