Investigação acredita que parte dos R$ 17 milhões recebidos via PIX é dinheiro vivo da venda de joias sauditas, portanto, esquema para “esquentar” o dinheiro
A PF (Polícia Federal) vai cruzar dados, a fim de identificar todos os doadores que fizeram PIX para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “vaquinha” virtual, que somou R$ 17 milhões, e se houve fraude ou lavagem de dinheiro.
De acordo com relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões em transações via PIX apenas nos 6 primeiros meses deste ano. Esse dinheiro teria sido arrecadado de apoiadores para ajudar no custeio de multas e despesas processuais de Bolsonaro.
A varredura terá início pela avaliação das contas bancárias de Bolsonaro e de Michelle, cuja quebra de sigilo foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na semana passada.
COLABORAÇÃO
A PF vai investigar todos os doadores envolvidos na chamada “vaquinha” virtual, a fim de descartar ou comprovar a hipótese de que parte deles não existe e que a arrecadação foi uma forma de “esquentar” o suposto dinheiro vivo recebido pela família com o esquema de venda de joias sauditas.
Para tanto, os investigadores contarão com colaboração do Ministério Público para acessar o Simba (Sistema de Investigação de Movimentações Interbancárias), que cruza os dados obtidos pela quebra de sigilo com bancos.
MULTA APLICADA PELO GOVERNO DE SP
Na última semana, o ex-presidente pagou a multa de R$ 913 mil, aplicada pelo governo de São Paulo pelo não uso de máscara durante a pandemia de covid-19.
Foi esta justificativa, a multa de quase R$ 1 milhão, que levou o presidente a fazer a campanha de arrecadação.
À CNN, o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, disse estar tranquilo com os rumos da investigação, pois tudo foi feito de forma republicana.
Ele também deu a entender que o volume de doações é normal, se considerado que o ex-presidente teve quase metade dos votos no último pleito.
ENTENDA O FATO
Relatório do Coaf mostra que o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões por meio de PIX de janeiro a julho deste ano. Segundo o Coaf, as movimentações, classificadas como atípicas, “provavelmente” têm relação com campanha de arrecadação feita por apoiadores de Bolsonaro para pagar multas dele à Justiça.
As informações foram enviadas para a CPI do Golpe, no Congresso Nacional, como parte da análise da movimentação financeira do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
O Coaf considerou que as movimentações dos dois estão relacionadas. Bolsonaro não é investigado pela CPI.
Em nota, a defesa do ex-presidente afirma que os valores “são provenientes de milhares de doações efetuadas via PIX por apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita”.
A análise das movimentações do ex-presidente vai de maio do ano passado a julho deste ano. Neste período, Bolsonaro movimentou R$ 39,9 milhões. A conta recebeu quase R$ 20 milhões. E saíram dela outros R$ 20 milhões.