O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Luis Marcos dos Reis, disse na CPMI do Golpe que movimentou R$ 3,3 milhões em 16 meses, com uma historinha mal feita, de que participou de consórcio com amigos e vendeu um carro, em nome de Mauro Cid, seu superior e se recusou a responder sobre pagamentos em nome de Michelle Bolsonaro.
De acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), dos Reis, como é mais conhecido, teve uma movimentação “atípica” em suas contas bancárias.
A relatora da CPMI, Eliziane Gama, disse que as justificativas apresentadas por Luis Marcos dos Reis “não são compatíveis” com as provas que foram colhidas. “Estamos solicitando a quebra do sigilo bancário”, informou.
O ex-ajudante de ordens, preso por participar do esquema de fraude em cartões de vacinação, prestou depoimento nesta quinta-feira (24).
Ele optou por comentar somente algumas partes de sua movimentação financeira. Luis falou que transferiu R$ 70 mil para Mauro Cid, que era chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, porque vendeu um carro a pedido dele.
Sobre as diversas transferências feitas em pequenos valores, que são indícios, para o Coaf, de uma tentativa de não chamar a atenção, dos Reis falou que era apenas parte de um consórcio que fez com amigos.
Quando foi questionado sobre os R$ 18,1 mil que recebeu da empresa Cedro Líbano, que tinha contratos com o governo federal, o ex-ajudante de ordens optou por permanecer calado.
Luis Marcos dos Reis disse que não responderia para não expor outras pessoas. No caso, não queria citar o nome de Vanderlei Cardoso de Barros, administrador da empresa.
A madeireira Cedro Líbano recebeu cerca de R$ 300 mil de contratos com o governo federal, durante a gestão Bolsonaro. Somente da Codevasf, estatal que foi entregue para aliados em negociatas do ex-presidente Bolsonaro, a Cedro Líbano recebeu R$ 188 mil.
Dos Reis mantinha conversas de Whatsapp com Vanderlei Cardoso, inclusive salvando seu contato como “derlei”. No dia 8 de janeiro, enquanto participava da tentativa de golpe, o ajudante de ordens enviou vídeos e fotos para o amigo.
Luis Marcos dos Reis também não quis responder sobre pagamentos que fez, enquanto ajudante de ordens, em nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Eu vou me manter em silêncio, que isso já foi esclarecido pela Polícia Federal. Vou me manter em silêncio”, disse.
A senadora Eliziane Gama destacou que ele não quis falar como foram realizados os pagamentos, mas que não conhecia nenhum cartão corporativo. Ela avalia que os pagamentos podem ter sido realizados em dinheiro vivo.
O ex-ajudante de ordens Luis Marcos dos Reis não respondeu a nenhum questionamento sobre o esquema criminoso que fraudou cartões de vacinação de Jair Bolsonaro e familiares, inserindo a informação falsa de que eles tinham se vacinado.
Eliziane Gama citou uma transferência feita por dos Reis de aproximadamente R$ 100 mil para um médico que é investigado no caso.
Os dados falsos foram inseridos no sistema do SUS poucos dias antes de Jair Bolsonaro viajar para os Estados Unidos.