“Nenhuma resposta objetiva foi dada até agora”. Diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Carlos Ciocchi, disse que a apuração sobre as causas do apagão no Brasil na última terça-feira está sendo a “mais importante da história” para o órgão
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, na sexta-feira (25), que não houve ainda resposta objetiva sobre o apagão que afetou 30 milhões de consumidores brasileiros, na terça-feira, dia 15, porque o setor elétrico está privatizado.
A afirmação foi dada durante participação no Fórum Esfera, após o ministro ser questionado sobre a busca do governo brasileiro de ter participação no conselho da Eletrobras proporcional à fatia de 43% que a União tem na companhia privatizada.
“Quando há incidentes como o que houve há poucos dias, é na porta do governo brasileiro que a sociedade brasileira bate, imprensa bate, setor produtivo bate e é o governo brasileiro que tem que responder pelo setor elétrico brasileiro [privatizado]”, afirmou Silveira.
PODER DE VOTO PROPORCIONAL
O ministro disse estar “extremamente otimista” com o pleito da União, uma vez que a PGR (Procuradoria-Geral da República) enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal), neste mês, parecer favorável ao governo para que a União tenha o poder de voto na Eletrobrás proporcional à participação na elétrica.
O pedido foi enviado ao STF pela AGU (Advocacia-Geral da União), em ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) em maio.
Para Silveira, “o governo tem esse direito… Para a gente ter um equilíbrio, ter uma participação e até quando cobrado por incidentes como o que aconteceu há poucos dias, nós termos como dar respostas mais objetivas”, disse no evento.
E completou: “Todos acompanharam e sabem que nenhuma resposta objetiva foi dada até agora exatamente porque o setor está completamente privatizado.”
APURAÇÃO SOBRE AS CAUSAS DO APAGÃO
Na véspera, o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Carlos Ciocchi, disse à imprensa que a apuração sobre as causas do apagão no Brasil na última terça-feira está sendo a “mais importante da história” para o órgão, apontando que os indícios são de falha técnica e que não haveria culpa do operador.
O RAP (Relatório de Análise de Perturbação), que vai indicar as verdadeiras causas do apagão que interrompeu mais de 25% da carga de energia do Brasil, deve ficar pronto em 17 de outubro.
O problema foi iniciado a partir da falha em linha de transmissão operada pela Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobrás, que foi sucedida por ainda inexplicada queda de várias outras linhas, desencadeando interrupções no fornecimento de energia em todos os Estados conectados ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
APAGÃO
Apagão de grandes proporções foi registrado na manhã do dia 15. Segundo o ONS, a interrupção no fornecimento de energia elétrica ocorreu por volta das 8h31 (horário de Brasília) e afetou todas as regiões do País.
“Uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu 16 mil MW de carga em Estados do Norte e Nordeste do Brasil”, escreveu o ONS por meio de nota encaminhada à imprensa.
O ONS explicou que a ocorrência provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, com abertura das interligações entre essas. O Sul e o Sudeste também ficaram sem luz, segundo o órgão, devido à ação controlada “para evitar a propagação da ocorrência”.
O órgão afirmou ainda que a recomposição, na ocasião, foi iniciada em todas as regiões e foram imediatamente concluídas nas regiões Sul e Sudeste. De acordo com o ONS, 55% da carga foi retomada, logo em seguida, na região Norte e 81% no Nordeste. Ao todo, 13,5 mil MW (megawatts) foram recompostos diante dos 16 mil MW afetados pelo apagão.