A Justiça Federal autorizou que o Ministério Público Federal (MPF) realize uma perícia sobre os “caveirões” comprados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em investigação que apura corrupção na compra, realizada na gestão de Silvinei Vasques e de Anderson Torres, como ministro da Justiça.
Alguns dos veículos adquiridos nunca sequer saíram da garagem da PRF.
A perícia vai descobrir se os veículos blindados, vendidos pela empresa Combat Armor Defense, dos Estados Unidos, para operações especiais seguem as especificações necessárias.
O MPF afirmou ter indícios de que os veículos não possuem capacidade técnica para funções operacionais.
O atestado de Capacidade Técnica, documento que é exigido em licitações, foi emitido por uma empresa controlada pelo mesmo dono da Combat Armor.
Segundo o MPF, as investigações “revelam muitos indícios de que pode ter havido fraude e direcionamento durante a licitação dos caveirões entre 2020 e 2022”.
“É preciso considerar que os gastos foram de pelo menos R$ 30 milhões. Além disso, a Combat Armor fez negócios com vários órgãos no Brasil, inclusive com a PM”, continuou.
“Há suspeitas ainda de que tenha havido superfaturamento, atropelamento de prazos, e que sequer haja necessidade de tantos caveirões. As investigações prosseguem, inclusive foi pedida a cooperação do FBI, já que a empresa tem sede nos EUA”, completou o procurador.
Os “caveirões” e “caveirinhas” são veículos blindados feitos para operações especiais e nunca tinham sido comprados pela PRF antes das gestões de Silvinei Vasques, aliado de Bolsonaro.
O dono da Combat Armor Defense é um apoiador de Donald Trump que participou do assalto ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
O ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, pediu para Jair Bolsonaro encontrar e “dar um abraço” no representante da Combat Armor no Brasil, Maurício Junot, em um evento nos Estados Unidos.
Em uma mensagem para Bolsonaro, obtida na investigação, Silvinei falou que Maurício Junot “liga diariamente” e está “sempre muito preocupado com sua segurança”.
Segundo a revista Fórum, Silvinei foi contratado como vice-presidente da Combat Armor quando saiu da PRF.
Ele é investigado e foi preso por uma tentativa de impedir a vitória de Lula nas eleições, realizando blitze focadas na região Nordeste, onde o petista obteve maior vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno.