“Os consumidores continuam arredios à tomada de crédito principalmente pelos juros altos, que tornam o momento inapropriado para isso”, diz economista, responsável pela pesquisa
A procura por empréstimos pelas famílias em julho teve uma queda de 2,4% na comparação com junho. Na comparação com julho de 2022, a retração foi de 10,9%. De janeiro a julho a procura recuou em 12,3% na comparação com o mesmo período de 2022. No acumulado de 12 meses, a queda é ainda maior ou 14%.
Na comparação anual, do mês com o mesmo mês do ano anterior, o resultado tem sido negativo por 14 meses seguidos, desde junho de 2022. É uma conjunção de quedas que mostra uma contenção de procura de crédito vista em poucos momentos. Nenhum estado registrou crescimento na busca de crédito por consumidores.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a retração é reflexo da política de juros no país. “Os consumidores continuam arredios à tomada de crédito principalmente pelos juros altos, que tornam o momento inapropriado para isso”.
O efeito desastroso do nível da Selic, que é a taxa básica da economia, orquestrando os aumentos de todas as mais taxas da economia, a partir dos seus 13,25%, compromete o consumo e os investimentos. E está fazendo com que os bancos, que mais ganham com a Selic nas alturas, venham agora arrochar a cessão do crédito.
Por esse mesmo motivo, indicado por Rabi quem vende a crédito sofre o impacto dessa contração. Estão aí as reestruturações de grandes varejistas como Casas Bahia, Cassino, Amaro, Centauro ou mesmo a Americanas, em Recuperação Judicial, cuja fraude contábil veio a público devido à necessidade de operar com o alto custo dos empréstimos de giro, sem falar dos outros setores, a Indústria e os Serviços.
Chama a atenção o fato de as dívidas serem expostas quase todas ao mesmo tempo. A crise financeira chegou a tal ponto que os shoppings já vem sentido reflexos. Algumas redes, como Americanas, Tok & Stok e Marisa atrasaram até pagamentos de aluguéis.
As informações dos “Dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito”, da Serasa Experian, chegam a esses números por meio de um acompanhamento mensal de consultas para concessão de crédito, relacionadas a Cadastro de Pessoas Físicas (CPFs) que fazem parte do banco de dados da empresa.