A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) afirmou, em nota, que a redução dos preços dos combustíveis após a greve dos caminhoneiros permitiu a recuperação da lucratividade da Petrobrás.
“O lucro operacional do segmento de refino aumentou de US$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre deste ano para US$ 7,2 bilhões no segundo trimestre, um aumento acima de 90% na lucratividade, através de preços menores na refinaria”, afirma.
A Aepet destaca que, após a greve dos caminhoneiros, a estatal “retomou o mercado doméstico brasileiro de derivados, propiciando custos menores para a população”.
Para a entidade, “a política de preços que [o ex-presidente] Pedro Parente adotou na Petrobrás, desde outubro de 2016, elevou o preço do diesel no mercado interno acima dos preços internacionais”. Essa política, segundo a Aepet, “levou ao aumento das importações de derivados, notadamente do diesel. A Petrobrás, ao perder seu mercado doméstico de combustíveis, passou a exportar cada vez mais petróleo cru, ao invés de processá-lo em seu parque de refino, impondo elevada ociosidade das refinarias, cuja taxa de utilização caiu para 72% no primeiro trimestre de 2018. Em 2015, a taxa de utilização foi de 87%, com alta lucratividade do segmento de refino”.
Essa política de preços de Parente prejudicou não só a Petrobrás, através da ociosidade do parque de refino nacional, mas principalmente os consumidores brasileiros, “que passaram a pagar pelos combustíveis preços acima da sua referência do mercado internacional, na Costa do Golfo do México dos EUA, de onde se origina grande parte das exportações de diesel e gasolina para o Brasil. Por outro lado, ganharam as refinarias de petróleo dos EUA, as multinacionais estrangeiras de comercialização e as distribuidoras concorrentes”.
A política de manter os preços do óleo diesel e da gasolina acima dos preços internacionais, para aumentar a margem de lucro das multinacionais que importam derivados de petróleo, começou com Dilma/Graça Foster, em setembro de 2014. Naquele ano, o preço do óleo diesel encerrou 34% acima do preço externo, conforme a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
SUBSÍDIOS
O governo Temer estabeleceu subsídios de até R$ 13,5 bilhões pra reduzir R$ 0,46 por litro do diesel na bomba, até o fim deste ano. No entanto, a Aepet ressalta: “Não é necessário conceder subsídios e utilizar recursos da União para subvencionar a Petrobrás e os importadores, basta que a estatal se livre da política de preços de Parente.”
O controle do preço do óleo diesel implicou na redução das importações e na melhoria do desempenho operacional da Petrobrás. O mercado de derivados no Brasil está inserido no mercado global, onde a competição ocorre principalmente entre as refinarias situadas na Bacia do Atlântico. Dessa forma, a empresa que pratica preços de monopólio – acima da paridade de preços internacional (PPI) – acaba por perder participação no mercado, exatamente o que aconteceu com a Petrobrás no Brasil, a partir da política de preços iniciada em 2014.
VALDO ALBUQUERQUE