“Tudo o que nós fizemos foi para assumir o comando. E, naquele momento, assumir o comando era fazer a intervenção federal”, afirma o ministro contra a demagogia da milícia bolsonarista
O ministro da Justiça Flávio Dino detonou, em entrevista na quarta-feira (30), a versão cínica inventada pelos golpistas que atuam na CPI do 8 de janeiro, de que ele teria sido omisso no dia da depredação que os bolsonaristas fizeram na Praça dos Três Poderes.
Ou seja, os golpistas, que foram derrotados pela ação firme do governo Lula, particularmente dele, Flávio Dino, agora tentam inverter a realidade e, sem o menor censo de ridículo, dizer que o ministro foi culpado pela invasão dos golpistas às sedes dos Poderes da República. Invasão que tinha como objetivo dar um golpe para derrubar o governo em que ele próprio, Flávio Dino participa.
“As vezes perguntam, mas a Força Nacional estava parada no Ministério da Justiça? E eu respondo. “A Força Nacional não estava parada no Ministério da Justiça. Ela estava cumprindo o que foi acordado no dia 7 de janeiro na Secretaria de Segurança Pública do DF”.
🎥 Flávio Dino desabafa sobre 8/1: “Lidei praticamente sozinho e agora sou omisso?” pic.twitter.com/Dh4AKMGt1Z
— UOL Notícias (@UOLNoticias) August 30, 2023
“Este fato foi expressamente declarado pelo delegado Fernando, que era o Secretário de Segurança Pública no dia 8 de janeiro. Quando o doutor Andrei, chefe da PF, se dirige à Secretaria de Segurança Pública no dia 7 – a primeira reunião foi dia 6, foi fechado o protocolo. No dia 7, o doutor Andrei pede uma nova reunião. Essa reunião acontece por volta do meio dia do dia 7 de janeiro. E ele diz, “temos a Força Nacional”, prossegue Dino.
“O que foi pactuado lá? Qual a anuência que nós recebemos? Para a Força Nacional fazer a proteção do Ministério da Justiça e da sede da Polícia Federal. Portanto, a Força Nacional estava aqui não era “parada”. Ela estava cumprindo o que foi pactuado no dia 7 de janeiro na Secretaria de Segurança Pública do DF”, explicou Flávio Dino. “Quando que isto muda? Muda na hora que há a intervenção federal. Aí, nós estávamos no comando e não precisava de anuência. Estes são os fatos. Esta é a verdade. O resto é pura fantasia”, destaca o ministro.
“Eu fico chocado de ver pessoas que dizem que são juristas dizendo assim, como um senador lá (referência a Sérgio Moro) dizendo: “no meu tempo não tinha anuência”. Sim, claro. Porque a decisão do STF é de setembro de 2020, e este senhor não estava mais no Ministério da Justiça. Ele tinha sido demitido pelo Bolsonaro. Mas, quando Anderson Torres, meu antecessor, assume, há dezenas de ofícios do Anderson Torres cumprindo a decisão do STF”, aponta Dino.
“E mais, houve um requerimento de informações do deputado Ivan Valente ao meu antecessor, se a Força Nacional vai continuar a atuar sem anuência. Resposta do meu antecessor: “não”. Porque o Supremo decidiu que a anuência é imprescindível. Isso foi decidido em 2020. E é isso que nós estamos fazendo aqui no ministério praticamente todas as semanas. Eu ligo para os governadores, vai ofício e foi o que aconteceu na noite do dia 7 de janeiro”, acrescenta o ministro.
“Me desculpem o tempo, mas como eu tenho o 8 de janeiro na cabeça, é paradoxal, para dizer o mínimo, e gera indignação que, durante duas horas, eu, praticamente sozinho, lidei com a crise e, de repente, eu que sou o omisso”, afirmou Flávio Dino.
“Claro que isso gera perplexidade, riso e indignação. E outros dizem assim: a Força Nacional tinha que ter saído da frente do Ministério da Justiça. Ora! O que aconteceria cinco minutos depois? O ministério da Justiça ia ser invadido. E eu teria que sair daqui. E a vice-governadora do DF teria que sair daqui”, prossegue.
“Tudo o que nós fizemos foi para assumir o comando. E, naquele momento, assumir o comando era fazer a intervenção federal. Assim foram os fatos que eu faço questão de registrar aqui para vocês e para a História”, completou o ministro Flávio Dino.